Hoje estou escrevendo da Rússia, em Moscou. A minha amiga e colega, Malu, brincou comigo dizendo: “o Putin chega e você vai pra Rússia”. Com certeza eu não combinei com ele, até porque preferiria encontrá-lo aqui no Kremlin do que em Fortaleza, aonde está acontecendo a Cúpula dos BRICS. Vejo muitas similaridades entre a Rússia e Brasil do ponto de vista social. O país é lindo e as pessoas são simpáticas, mas não vou me estender na parte cultural ou social pois quero falar dos BRICS.

O acrônimo BRIC foi criado em 2001 pelo economista Jim O’Neil, do banco de investimento Goldman Sachs, para agrupar as maiores economias emergentes na época (Brasil, Rússia, Índia, China e posteriormente África do Sul). O termo puramente teórico saiu do papel para virar um frágil e informal grupo político até alcançar um status –na Cúpula de Fortaleza — de bloco semi-institucionalizado. A criação do banco dos BRICS é uma evolução substancial para um grupo tão distinto, mas mesmo assim não dá para ser muito otimista em relação à sua relevância imediata.

O bloco serve muito mais os interesses particulares de cada país do que uma verdadeira coalizão de emergentes aonde os interesses coletivos são evidentes e comuns. A maioria das áreas de convergência recai sobre a vontade de contrapor a Europa e os EUA. Talvez um dos poucos beneficiários dessa convergência seja a África. Todos os países tem laços comerciais fortes com o continente e até mesmo a Rússia (o menos presente) tem aumentado seus investimentos em energia na região.

O fato de os 5 países do grupo serem líderes em suas regiões e terem projeção global, aumenta as pressões domésticas, e as ambições e competição internacional. A realidade política e geopolítica da América Latina (Brasil) é bem diferente da Ásia (China) ou Eurásia (Rússia). O Sul da Ásia (Índia) tem necessidades e rivalidades nucleares bem distintas da imensidão do continente Africano (África do Sul). Algumas dessas regiões conversam politicamente enquanto outras apenas economicamente. Apesar do maior parceiro comercial do Brasil ser a China, somos muito mais isolados politicamente se compararmos às relações entre os outros. China, Índia e Rússia já foram aliados e inimigos em diferentes momentos. Brasil nunca esteve muito próximo deles, inclusive por questões geográficas de distância.

Para que servem os BRICS?

Quais são os interesses de cada país? Como cada um usa o bloco? Vou fazer um breve resumo dos principais interesses de cada país baseados no xadrez atual do mundo.

RÚSSIA

Vladimir Putin, presidente da Rússia, propôs uma integração entre A União Eurasiática (Rússia, Csaquistão e Bielo-Rússia) e a Unasul (União das Nações Sul-Americanas) e consequentemente aproximá-lo dos Brics. Putin precisa de alternativas para aliviar a crise geopolítica com a Ucrânia, Europa e EUA. O anúncio do Obama sobre novas sanções apenas reforça a tendência em andamento da Rússia buscar novas opções e parcerias para se fortalecer econômica e politicamente. Isso já foi demonstrado no recente acordo com a China para fornecimento de gás. O bloco é uma ótima plataforma para a Rússia conseguir abrir novas parcerias comerciais e ao mesmo tempo fortalecer sua narrativa e legitimidade diante das últimas crises geopolíticas.

CHINA

Já a China usa o grupo de forma mais simbólica, particularmente para confrontar o sistema internacional criado pelos americanos e construir intituições paralelas. Sendo a maior economia dos 5 países, a China vai arcar com a maior parte dos custos da formação do banco. No fundo, os chineses tem menos a ganhar e usam o bloco de forma mais indireta para exercer seu poder global. Afinal, os chineses já têm espaço internacional suficiente e tentam apenas diversificar sua exposição e projeção de poder. O banco dos BRICS é apenas um dos muitos mecanismos internacionais que a China está engajada. Na Ásia, os chineses estão querendo criar um banco de investimento para infra-estrutura. Portanto, o dragão asiático seguirá usando os BRICS como uma das suas várias alternativas para ampliar seu escopo de projeção de poder.

ÍNDIA

Tem uma gama de problemas que impedem pensar no bloco como algo muito relevante. Os problemas internacionais do país estão mais ligados a questões regionais do que globais. Seu rival e vizinho Paquistão tem armas nucleares e é um estado falido. A Índia é o 4º país do mundo que mais sofre de terrorismo e está próxima dos três primeiros da lista (Afeganistão, Paquistão e Iraque). A ascensão chinesa e sua presença no Oceano Índico complica a vida dos indianos e a harmonia dos BRICS devido à crescente rivalidade dos dois gigantes. Cada vez mais a Índia vai ganhar relevância internacional e sua importância regional já lhe traz bastante visibilidade e desafios. Por isso, os indianos tendem a se manter ocupados e o bloco, por hora, deve ficar em segundo plano.

BRASIL

O Brasil tem dificuldades de projetar poder internacionalmente pois não é ativo nas questões relacionadas com a paz e segurança internacional. O tão almejado assento permanente no Conselho de Segurança da ONU busca preencher essa lacuna. A liderança regional brasileira é muito mais branda e desordenada por opção e falta de capacidade e planejamento. Ou seja, o Brasil é o país do bloco (excluindo África do Sul) que menos sabe acumular e projetar poder. Por essa razão, os BRICS dão uma visibilidade que o país não consegue em muitos outros fóruns ou interações internacionais. O fato do Brasil trazer outros países da região para participar do encontro em Fortaleza corrobora com a vontade de se apresentar como uma potência global, principalmente para os seus vizinhos. Ou seja, o Brasil é o país que tem mais a ganhar com o grupo. Mas por outro lado é também um dos menos poderosos do grupo e terá mais dificuldades em impor suas vontades. Isso ficou evidente na negociação da primeira presidência aonde o Brasil teve que ceder para a Índia.

ÁFRICA DO SUL

A inclusão da África do Sul no bloco, em 2011, pode ser considerada uma vitória para o líder Africano e um ganho de legitimidade para o grupo. Uma das razões que o país foi escolhido, ao invés de economias maiores como Nigéria e Indonésia, está relacionado com o alinhamento político com os outros membros. Para África do Sul, o desafio será equilibrar sua política externa de responsabilidades de potência emergente com a de liderança de um continente pobre. O enfoque é muito mais de cautela, sem criar grandes problemas no bloco e aproveitar para surfar na onda dos grandes sem ser um deles.

Conclusão e Futuro

Uma maneira de medir a capacidade dos BRICS é compará-lo com um grupo ou instituição global análoga, composta por grandes potências e líderes regionais. O mais próximo é o Conselho de Segurança da ONU com uma vantagem clara de ser um órgão de legitimidade universal ao invés de um grupo de uma classe restrita de países emergentes. Mesmo assim, sabemos muito bem das dificuldades do Conselho em obter consenso e como acaba travado politicamente devido os interesses diversos das potências. Por que um grupo com menos legitimidade global conseguiria obter mais coordenação e resolução?

Artigo Exame orginal: http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/risco-politico-global/2014/07/16/para-que-servem-os-brics/

 

Sanções são uma ferramenta política diplomática de ameaças e incentivo — negativas ou positivas. Normalmente, tais ferramentas são percebidas como o mais visível de todos os instrumentos de poder econômico. Sanções negativas vão desde embargos até congelamento de ativos financeiros. Do lado positivo, temos de ajuda financeira até acesso favorável a mercados.

Como todas as formas de poder, sanções econômicas dependem do contexto, propósito, e habilidade em converter recursos em comportamento desejado. Existe muita controvérsia sobre o impacto e efetividade das sanções. Para medi-las é preciso ter clareza sobre seus objetivos. Esses incluem mudança de comportamento, contenção, e mudança de regime. Em outras palavras, coerção, limitação e sinalização.

No início da semana que passou os EUA decidiram sancionar indivíduos e a UE também trouxe a sua lista de russos e ucranianos. Em resposta, os russos retaliaram sancionando políticos americanos. Será que as sanções contra a Rússia vão fazer Putin mudar de ideia e abandonar a Crimeira? Sem dúvida, não! Será que o risco de endurecer as sanções pode fazer ele desistir de anexar mais territórios da Ucrânia (como o leste do país)?

A sabedoria convencional diz que sanções econômicas não funcionam. Em parte não funcionam porque o mundo é muito grande e sanções unilaterais são menos efetivas que sanções universais. Se todos os países do mundo decidissem se juntar aos EUA e UE com certeza a pressão contra a Rússia seria mais intensa. Outra consideração seria o escopo das sanções. Sancionar alguns indivíduos é bem diferente de sancionar o setor mais importante da economia russa — petróleo. Os Europeus não aprovariam nenhuma sanção econômica de peso contra o setor energético russo devido a sua dependência com o mesmo. Outro problema é o fato de sanções severas afetarem a economia como um todo, e consequentemente a população, ao invés dos oligarcas russos.

Para investidores e o mercado, os desdobramentos das sanções são importantes. Desde a primeira lista americana publicada, na segunda feira, com 11 individuos, empresas russas repatriaram bilhões de dólares com medo que novas sanções possam congelar seus ativos. O inverso também está acontecendo; bilhões de dólares deixando a Rússia devido ao medo das instituições financeiras europeias de retaliação. Bancos americanos estão vendendo títulos russos. O governo russo por outro lado está diminuindo sua exposição aos Títulos do Tesouro Americano. O Banco Central da Rússia tinha U$138 bilhões de títulos da divida americana em dezembro. Na semana passada esse numero caiu para U$105 bilhões.

Somente 2% das exportações russas vão para os EUA. A maioria dessas exportações pode ser substituída por serem commodities. Em termos de importação, aproximadamente 5% das importações russas vem dos EUA. No setor financeiro os bancos russos tem pouca exposição ao mercado americano. No fim de 2013, os russos tinham $20 bilhões depositados nos bancos americanos — uma pequena parte dos $750 bilhões depositados em seus bancos. Os EUA possuem $56 bilhões em papeis russos — 6% do total de $870 bilhões de capitalização do mercado. A maioria das empresas russas (especialmente estatais) não estão listadas no mercado americano e sim no mercado de Londres ou Frankfurt.

Portanto, não tem muito que Washington possa fazer para realmente afetar os russos a menos que esteja disposta a tomar medidas drásticas e banir empresas americanas de fazer negocio no país.

O único objetivo restante, por trás das sanções americanas, com alguma funcionalidade prática é enviar um sinal. É importante indicar para os outros países do mundo, e da região, que algo está sendo feito. Ao mesmo tempo, Obama mostra para a população americana que os EUA não estão passivos e se curvando diante da ofensiva russa.

Talvez tão importante quanto medir a efetividade das sanções é saber quais são as alternativas existentes. Força militar é normalmente mais efetiva, mas pode ser mais custosa e mais trazer conseqüências graves. O exemplo de Cuba retrata bem isso. Durante a Crise dos Mísseis, os custos de usar a força militar para remover Castro eram enormes, incluindo o risco de uma guerra nuclear. Por outro lado, não fazer nada no auge da Guerra Fria seria comprometedor do ponto de vista da competição política entre EUA e União Soviética. Ou seja, sanções econômicas — na forma do embargo — não foram capazes de derrubar Castro, mas eram a melhor alternativa dentre as opções de não fazer nada ou intervir militarmente.

Já que os EUA não estão dispostos (Europa menos ainda) a confrontar militarmente a Rússia, sanções econômicas são a única ferramenta política restante capaz de impor algum custo aos russos. O problema é que o pacote atual de sanções só gera custos simbólicos.

Artigo original blog Exame: http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/risco-politico-global/2014/03/25/impacto-e-utilidade-das-sancoes-economicas-contra-russia/

A ocupação militar da Crimeia pela Rússia representa o fim da estabilidade territorial europeia no pós-Guerra Fria. Por um lado, a Crimeia tem um significado estratégico militar limitado para os russos, apesar de sediar a base naval da sua Frota do Mar Negro. Na verdade, a real importância da península é de ordem geoestrategica uma vez que o controle total da Ucrânia alteraria o equilíbrio de poder global em favor da Rússia.

A condição geopolítica russa fez com que as preocupações de segurança nacional sempre tivessem uma importância acima da média se comparado com outras nações. Isso faz com que cada evento ou movimento ao redor do seu território (ou área de influencia) seja visto como uma ameaça mortal. Do ponto de vista do risco político global, não importa o quanto fundamentadas sejam as considerações russas e suas supostas justificativas. Permitir que a Rússia abocanhe um país do tamanho da Ucrânia é extremamente grave para a ordem mundial.

É importante deixar claro que a decisão russa de usar força militar é consciente e visa mandar um sinal de mudança de jogo. Moscou poderia ter usado sua costumeira pressão econômica, por exemplo, via gás natural. Não o fez por escolha, e com propósito. O Putin de 2014 não é o mesmo de 2004, ou até mesmo o de 2008 (quando invadiu a Georgia). O ex-KGB tem se mostrado desinteressado em aproximar a Rússia com a Europa. Seu projeto de país vislumbra uma Rússia nos moldes do Império Soviético e já deixou claro que está disposto a sacrificar os interesses econômicos por esse objetivo. O risco de abalar a reputação ou imagem internacional de seu país também não altera seus cálculos. Nem mesmo os 7 anos de preparativos e uma conta de 50 bilhões de dólares para sediar os Jogos de Sochi – que tinham como objetivo polir a imagem do país – foram suficientes para brecar suas ambições imperiais.

Uma revisão do status quo soberano abre precedentes que irradiariam insegurança para todos os membros do leste da OTAN e especialmente os países Bálticos–Lituânia, Estônia e Letônia (com as maiores minorias russas). A violação russa não se limita a soberania ucraniana mas também descumpre o Memorando de Budapeste quando a Rússia se comprometeu a não ameaçar ou atacar o território ucraniano. Depois da queda da União Soviética, a Ucrânia ficou em posse de muitas armas nucleares russas e concordou em devolver o arsenal somente depois de negociado garantias de proteção e segurança contra ofensivas futuras.

A crise Ucraniana elevou a polarização entre o Ocidente e Oriente dentro da periferia da antiga União Soviética. Moldova e Georgia estão buscando uma aproximação com o Ocidente para garantir sua segurança. Moldova enxerga a situação na Crimeia como uma replica da sua província (separatista e pro-russa) da Transnístria. Por outro lado, a Armênia anunciou que vai acelerar seu processo de adesão a União Euroasiática (uma espécie de União Europeia da Eurasia comanda pela Rússia). O país que já abriga uma base militar russa e laços econômicos sólidos está caminhando para uma integração ainda maior. No mundo pós-Crimeia, países como Polônia, Georgia, Ucrânia, Hungria, Romênia, Lituânia estão se perguntando se os EUA são aliados confiáveis e capazes de protege-los. Vai conquistar a fidelidade desses países aquele que demonstrar mais firmeza e força.

Globalmente falando também teríamos precedentes perigosos. Outras potências revisionistas poderiam pensar em recuperar territórios perdidos do passado. Se o argumento russo é de que deve controlar a Crimeia porque tem que proteger suas minorias, o que dizer da minoria chinesa na Tailândia ou Vietnam? E a minoria iraniana na Arabia Saudita? A lista é grande!

Independente do Putin ganhar ou perder na Ucrânia, as chances da Rússia se tornar um parceiro na solução dos problemas do mundo diminuíra drasticamente. No Oriente Médio, por exemplo, os impactos serão evidentes. Bashar al-Assad da Síria será o primeiro a ter certeza que escolheu o aliado e estratégia certa. E o acordo nuclear com o Irã? A vontade dos EUA em resolver rapidamente o dilema nuclear somado a intenção da Rússia em impedir o progresso americano vão fortalecer o Irã nas negociações daqui para frente.

Mais uma vez, a pergunta central é por que os brasileiros precisam entender a crise política de um país que representa apenas somente 0.2% do PIB global? A crise já atingiu os mercados financeiros do mundo. O benchmark de Moscou caiu 9.4% e o rublo atingiu seu ponto mais alto em relação ao dólar. Todas as empresas com exposição aos mercados ucraniano e russo experimentaram fuga de capitais. O Dow Jones, S&P, FTSE, Euro Stoxx caíram. Os mercados de energia também foram muito afetados. 80% do gás natural russo que vai para Europa passa pela Ucrânia e 40% do gás importado da Europa vem da Rússia. O preço do gás natural subiu 6% nos mercados ingleses e as ações da Gazprom caíram 10%. Em caso de um agravamento da crise e corte no fornecimento do gás, a Europa tem 18 dias de gás estocado. Essa é uma pequena amostra de como entender o que acontece na Ucrânia pode ajudar a medir os riscos políticos nos mercados.

Artigo original Exame: http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/risco-politico-global/2014/03/04/por-que-o-ocidente-nao-pode-deixar-a-russia-dominar-a-ucrania/

É sabido que a Austrália é um continente distante e isolado, mas isso só fica evidente quando se tenta chegar lá. Eu sai de São Paulo para Buenos Aires e segui pela Rota Polar (cruzando o Polo Sul) direto para Sydney. Depois de 15h15 minutos de voo, cheguei naTerra Australis Incognita, o nome dado na antiguidade para a terra desconhecida no hemisfério sul.

Desde a antiguidade, filósofos e geógrafos contemplavam a existência dessa região. Gregos e Romanos pensavam, em teoria, que o território existia. Em 150 A.D., Ptolomeu denominou uma grande região no mapa de Terra Australis. No século V, o filosofo romano Macróbio pensava que a terra era dividida em 3 zonas climáticas, com um grande continente cobrindo a maior parte do hemisfério sul. A fascinação pelo terra desconhecida continuou ao longo da história. Na Idade Media, chineses, indianos, gregos e árabes escreveram sobre uma região localizada em algum lugar ao sul de Java. Na pratica a Terra Australis só foi localizada muito tempo depois pelos exploradores europeus. Na verdade, o continente foi o ultimo pedaço de terra habitável do mundo a ser descoberto pelos europeus.

Visitar a Austrália é se reconectar com a geografia. Austrália é uma ilha, continente, e nação em um só pacote. Não existe nada no mundo semelhante à condição australiana. De alguma forma seu isolamento pode ser comparado com a posição dos EUA, um país protegido de ameaças externas pelo oceano. Claro que os EUA possuem dois vizinhos, mesmo que pacatos e inofensivos. Austrália é o menor, mais seco e mais plano continente do mundo. Um dos sete maiores países do mundo. Metade do país é árido e 1/5 deserto; esse clima faz da maior parte do solo pobre para o cultivo agrícola.

A sociedade e economia australiana são reflexos dessa realidade geográfica e climática. Outro legado que define sua história é a sua colonização. Tudo começou com 11 navios levando presidiários exilados da Inglaterra. Os navios deixaram Portsmouth, no dia 13 de Maio de 1787, e chegaram em Sydney quase um ano depois, 26 de Janeiro de 1788 (celebrado como o Dia da Australia). Aqui caberia um debate interessante (quem sabe em outro post) sobre as causas da diferença do desenvolvimento social e econômico do Brasil e Austrália. Quantas vezes já não ouvimos o argumento que a causa dos problemas do Brasil foi a colonização de exploração portuguesa. Como explicar o sucesso australiano diante de uma colonização composta por presidiários? A história da Austrália nos faz refletir sobre nossas falhas e obviamente aponta para fatores alem do tipo de colonização como explicação dos nossos desafios.

Chega de história e geografia e vamos falar um pouco da geopolítica australiana. O país vive um dilema estratégico: escolher entre quem te protege e quem te faz rico. Os EUA é o aliado indispensável, a ponto da Austrália ser o único país do mundo a participar todos os conflitos que os americanos se envolveram desde a Batalha de Hamel, na Primeira Guerra Mundial. A China se tornou o maior parceiro comercial passando o Japão em 2009. Obviamente a Austrália gostaria de manter boas relações com os dois gigantes. O problema é que tanto EUA quanto China enxergam sua relação política e estratégica com a ilha-continente através da sua rivalidade. Mesmo que a Austrália consiga agradar os dois, cada um deles vai fazer de tudo para impedir que seu rival fortaleça sua aliança.

Por exemplo, qualquer choque militar entre Japão e China, pelas ilhas do Mar do Sul da China (ver post anterior), levaria a um envolvimento americano e consequentemente forte pressão para a Austrália se posicionar e participar. Nessa caso sua aliança com a China seria comprometida abalando as relações comerciais.

Outro aspecto geopolítico é a dimensão marítima estratégica do continente. O hino australiano proclama: “our home is girt by sea” (nossa casa é cercada pelo mar); a frase ressalta a importância marítima da sua realidade. Cada estado australiano tem sua capital localizada em um porto ou próximo a um. No âmbito continental, a Austrália liga os Oceanos Pacífico e Índico. O Pacífico abriga a maior rota comercial do mundo e o Índico será o novo palco geopolítico do século 21, sendo o ponto de encontro entre China e Índia. Portanto, a localização da Austrália permite, dentre outras coisas, a criação de um corredor horizontal leste-oeste de extrema importância marítima. Forças estacionadas nos extremos de cada oceano — 7ª Frota Naval Americana localizada no Japão (Pacífico) e a 5ª Frota no Bahrain (Índico) — estão em desvantagem quando comparado com a possibilidade de estarem localizados próximo a geográfica central que a Austrália oferece.

Alguns podem estar pensando: “como a austrália influência decisões financeiras ou economicas no Brasil”. O par do dólar australiano e dólar americano são a quarta moeda mais comercializada do mundo, representando 7% de todo o mercado global de câmbio. A moeda australiana sempre esteve atrelada ao preço das suas commodities exportadas, contudo em 2003, graças a globalização financeira o link foi desfeito. A estabilidade e cotação do dólar australiano não podem ser dissociadas dos acontecimentos políticos e geopolíticos que ditam os rumos de sua economia e da região. Ou seja, qualquer avaliação precisa sobre seus fundamentos não pode excluir uma análise do risco político da Terra Australis e seu papel geopolítico.

Artigo original Exame: http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/risco-politico-global/2014/01/01/terra-australis-incognita-geopolitica-da-australia/

Há 40 anos atrás o mundo estava lidando com a crise do petróleo criada pela OPEC (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) quando a organização cortou suas exportações para os EUA e seus aliados, como forma de punição ao apoio a Israel na Guerra do Yom Kippur em 1973.

O embargo de 1973 tem muito a nos dizer sobre risco político e geopolítica. A independência e segurança energética são questões estratégicas para qualquer país. É dentro desse contexto que o Brasil acaba de finalizar o leilão do primeiro bloco do pré-sal, a reserva de Libra.

Será que os EUA ainda têm sua segurança energética ameaçada por um embargo ou por uma dependência excessiva no combustível fóssil? Eu escuto muito as pessoas usando o petróleo como a explicação de tudo que acontece no mundo. Desde a política externa americana no Oriente Médio até as intervenções na Síria, Líbia e Iraque (só para citar alguns dos assuntos), a causa de tudo é o interesse no petróleo. Nesse post eu não quero me aprofundar nos porquês das guerras, mas posso afirmar que colocar o petróleo como o centro de tudo é uma simplificação e superficialização da realidade. Tendo dito isso podemos voltar para a pergunta acima.

Primeiramente, o embargo tinha como objetivo resolver uma questão geopolítica, acabar com o apoio do Ocidente a Israel. Não aconteceu. Portanto, o embargo não se mostrou uma ferramenta efetiva. Segundo, os países afetados foram em busca de alternativas e soluções para a sua dependência energetica. É curioso que um dos argumentos mais comuns aponta para a dependência americana de fornecimento do petróleo do Oriente Médio. Os EUA nunca foram dependentes do fornecimento de petróleo da região e hoje apenas 9% do seu fornecimento vem de lá. Historicamente, a região nunca forneceu mais de 15% do total do petróleo americano.

O erro comum de focar na dependência energética indica uma outra confusão mais grave. O perigo para os EUA, e para outros países que buscam auto suficiência energética, em termos de fornecimento, está na incapacidade de controlar o preço do petróleo e todas as conseqüências econômicas resultantes da sua variação. O problema do embargo não foi o corte de fornecimento para os EUA, mas a diminuição na produção do cartel que fez o preço do barril subir de $5.12 para $11.65. O mundo todo sofreu com o embargo, não somente os países que foram alvos do corte de fornecimento.

Hoje a China, por exemplo, importa 60% do seu petróleo e 30% do seu gás natural. Ter o seu fornecimento vindo de fontes externas não é o ideal, mas talvez a maior dependência seja em relação ao impacto do preço do petróleo na competitividade de uma economia de manufaturados orientada para exportação. A variação do preço do petróleo impacta o custo de transporte que por sua vez aumenta o preço final dos produtos chineses. Auto suficiência energética é só uma parte da equação energética.

O cartel do petróleo ainda domina 3/4 das reservas convencionais da commodity, 1/3 do fornecimento global e tem o menor custo de produção por barril do mundo. O fato do cartel ser formado por países soberanos, ao invés de empresas privadas, impossibilita que leis antitrust penalizem a pratica abusiva. Se estamos falando de um cartel de países, então estamos falando de riscos políticos na sua forma mais pura no que se refere ao combustível de transporte mais importante.

Felizmente, nem todos os membros da OPEC querem ver aumentos imediatos e exorbitantes da sua commodity. Venezuela e Irã adorariam que isso acontecesse pois ajudaria suas economias fracas. Já os outros países aprenderam algumas lições com o embargo de motivação política de 1973. A queda de preço do petróleo nos anos 80, posterior ao embargo, foi causada pelo impacto econômico nos países afetados e mostrou como pressionar seus clientes pode trazer problemas no longo prazo. A exploração de novos campos de petróleo fora do cartel e a busca por eficiência energética foram também algumas das medidas adotadas para contrapor o embargo.

Politicamente muitos dos países Árabes, principalmente a Arábia Saudita, têm a opção de aumentar sua produção para baixar o preço. Hoje os sauditas estão mais preocupados com a ameaça iraniana do que punir seus aliados ocidentais. O caos político e social que se instalou no Oriente Médio pós-Primavera Árabe mostra bem o tamanho das dificuldades intra-regionais. Talvez uma melhor opção nesse momento para a Arabia Saudita seja baixar o preço do petróleo e não aumenta-lo. A situação política regional e o risco de forçar seus clientes a acelerarem a busca por alternativas faz do cenário de 1973 um evento pouco provável.

A produção energética também está passando por uma revolução no que tange as novas tecnologias de exploração como o petróleo e o gás de xisto. 10% de todo o petróleo do mundo e 32% do gás natural estão localizados em formações de xisto. De acordo com o Energy Information Administration (EIA) esses novos recursos aumentaram as reservas globais de petróleo em 11% e 47% de gás natural. Em 2012, 1/4 da produção de gás americana vem do xisto e em 2035 o número será o dobro.

O mapa no post seguinte mostra as possíveis bacias de xisto espalhadas pelo mundo. Grandes reservadas estão na China, Argentina, Austrália e África do Sul. Muitos países se beneficiariam da exploração do xisto, incluindo Brasil. Alguns países como Polônia, Turquia e Ucrânia teriam ganhos geopolíticos ao conseguirem diminuir sua dependência de fornecedores hegemônicos como Rússia e Irã.

Concluindo, a OPEC ainda tem poder mas o cenário político de hoje não favorece o uso do petróleo como arma política contra o Ocidente. Um entendimento mais amplo do conceito de segurança energética deve transcender a ideia de auto suficiência e nesse ponto o Brasil deve pensar suas considerações estratégicas.

Artigo original na íntegra no link: http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/risco-politico-global/2013/10/24/petroleo-geopolitica-e-seguranca-energetica/

Desde que a guerra civil se agravou no país o grande temor era que o regime de Assad pudesse usar as armas para se manter no poder ou que essas armas caíssem nas mãos de organizações terroristas como o Hezbollah. Na semana que passou tivemos as primeiras evidencias mais concretas do uso dessas armas pelo regime de Assad.

Armas químicas foram banidas pela primeira vez em 1925 no Protocolo de Genebra, um tratado internacional. Posteriormente o tratado evoluiu para a Convenção de Armas Químicas de 1993. A Convenção possuiu 189 países como membros e dois signatários. Dentre as obrigações, estados se comprometem a não desenvolver, produzir, adquirir, transferir diretamente ou indiretamente, e usar armas químicas. A Síria não é um membro da Convenção e possuiu um dos maiores arsenais de armas químicas do mundo. A tecnologia foi transferida inicialmente do Egito, antes da Guerra de 1973 contra Israel. Depois disso a Síria se tornou auto suficiente na capacidade química. Entretanto, o país ainda depende de fornecimento externo de certos agentes químicos e determinadas tecnologias. Adivinhem quem tem sido o maior fornecedor da Síria? O Irã tem fornecido ajuda técnica e logística para produzir e desenvolver os agentes.

Os últimos casos aonde armas químicas foram usadas foi no Iraque em 1988 na cidade Curda de Halabja. Outro caso foi o ataque ao metrô de Tóquio feito pela seita e grupo terrorista japonês Aum Shinrikyo, em 1995, usando gás Sarin. Agentes químicos são consideradas armas de destruição em massa. Um acidente em uma indústria de pesticidas na Índia liberou um gás toxico matando mais de 4.000 em 1984. Um estudo do Exército Americano alerta que um ataque terrorista em uma indústria química poderia liberar gases resultando em um número de mais de 2,4 milhões de mortos e feridos.

Diante da seriedade e perigo do uso de armas químicas: como deveria proceder o governo americano? Obama falou que o uso de armas químicas seria a “linha vermelha” (red line) que definiria uma intervenção americana. Em abril tivemos indícios do uso de armas químicas por parte do regime ou dos rebeldes e mesmo assim Obama hesitou em intervir. Meses depois estamos diante do mesmo dilema só que com provas e um número de vítimas muito superior. E agora? Obama deve fazer alguma coisa? Muitos estão apontando para o problema da credibilidade ou que blefes seguidos de inação vão causar perda de reputação. Nesse caso Obama ou os EUA perderiam sua reputação e isso afetaria a capacidade de conter inimigos através de ameaças. Irã ou Coreia do Norte jamais acreditariam que um “red line” seria realmente um “red line.”

Além do problema da reputação existem outros critérios importantes para definir qual será a melhor resposta ao uso de armas químicas. Algumas delas são: moral (certo ou errado), pratica (operação militar), legal (legitimidade e direito internacional), estratégica (interesses). No próximo post pretendo analisar as opções militares de uma intervenção militar americana.

Link artigo do portal Exame: http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/risco-politico-global/

Em um mundo tão imprevisível, como o de hoje, os riscos políticos ganham uma relevância ainda maior. Em geral, os maiores riscos políticos sempre estiveram nos mercados emergentes, onde as instituições não são tão sólidas e interferência do Estado no mercado é constante. Entretanto, mercados desenvolvidos, como Europa central – Alemanha, França, Reino Unido, – EUA e outros, também podem oferecer determinados riscos políticos que, à primeira vista, não são visíveis.

Recentemente, o conglomerado brasileiro Odebrecht sofreu um revés político que pode comprometer suas operações nos EUA, no Estado da Florida. O governador Rick Scott devera sancionar uma nova lei na qual prevê que empresas com negócios em Cuba, em valores acima de USD 1 milhão, serão proibidas de operar na Florida.

Lei no Estado da Florida pode comprometer investimentos de gigante brasileira

Ideologias são um fator presente na análise do risco político. Por exemplo, historicamente, quando pensamos em expropriações – algo que ocorreu com a Petrobrás, em 2006, na Bolívia – ideologias são a força motriz por trás deste tipo de evento. Contudo, ideologia e afiliações políticas podem afetar empresas de outras formas menos agressivas e custosas. No caso específico da lei da Florida, seu idealizador é o deputado Michael Bileca, casado com uma cubana. Esse projeto recebe apoio incondicional do lobby anti-castrista, uma das grandes forças políticas do Estado. A população cubana da Florida, em sua maioria descendente de refugiados da revolução de 1959, vê com maus  olhos o regime do país caribenho e são apoiadores irredutíveis do bloqueio, mantido desde 1962.

O Brasil é hoje o principal parceiro econômico da Florida, e a Odebrecht é parte importante deste cenário. Grandes contratos já estão em execução e há negociações para crescimento nos investimentos. Ao mesmo tempo, a posição da empresa brasileira em Cuba é bastante estratégica.

Desde que Raúl Castro, irmão de Fidel, assumiu o poder na ilha, diversas medidas econômicas de abertura vem sendo implementadas. A previsão é de que, em breve, Cuba será novamente um pólo muito atrativo para investimentos em diversas áreas – já que hoje há uma mão-de-obra qualificada subutilizada devido às políticas socialistas ainda predominantes. O Brasil já explora estas variáveis e, no caso da Odebrecht, já há negócios em andamento nos setores de infraestrutura e agronegócio.

Embora a lei ainda não tenha sido sancionada, os negócios da  empresa brasileira estão sob ameaça. Uma decisão política pode afetar diretamente sua estratégia, desmontrando assim a necessidade de lidar de forma sistemática e profissional com os riscos politicos.

Santorum desiste da nomeação

O ex-Senador da Pennsylvania, Rick Santorum, principal adversário do ex-Governador Mitt Romney pela nomeação do Partido Republicano para as eleições deste ano, abdicou da disputa. Desta forma, Romney consolida sua posição como candidato republicano de facto para enfrentar Barack Obama em Novembro.

Embora ainda tivesse esperanças de obter um resultado positivo na Pennsylvania, pesquisas nos últimos dias previam uma disputa apertada entre os dois. As pesquisas também colocam Romney como favorito nos demais quatro Estados que realizam primárias, em 24 de Abril. A possibilidade de ser derrotado dentro do Estado pelo qual foi Senador seria um fim embaraçoso para um candidato que teve uma ascensão considerável.

Embora Newt Gingrich e Ron Paul ainda não tenham se manifestado, é natural que o Partido Republicano, em breve, se pronuncie quanto à definição de Romney como seu candidato e facilite o posicionamento de campanha – agora com foco total na administração Obama.

Será interessante observar a estratégia de Mitt Romney, que terá de demonstrar aos eleitores independentes – decisivos na disputa – que não é tão conservador quanto hoje parece. Em meio á disputa dos republicanos pela nomeação, ele sempre foi alvo de seus adversários por ser considerado moderado demais.

 

 

Romney é saudado pelas três vitórias incontestáveis

Como previsto, Mitt Romney obteve fáceis vitórias nas três primárias ocorridas ontem em Maryland, Wisconsin e no Distrito de Columbia. Sua vantagem sobre Rick Santorum, na contagem de delegados, aumentou consideravelmente – hoje ele detém 652 delegados contra 269 de Santorum. Para garantir matematicamente a nomeação, são necessários 1.144 delegados.

Entretanto, é possível que Romney consiga a nomeação em menos tempo. Isso se daria pela crescente pressão interna do Partido Republicano para que Rick Santorum, hoje seu único adversário, abdique da corrida. Embora fosse o ideal, um empecilho pode estar no calendário eleitoral.

Em 24 de Abril haverá uma nova rodada de primárias, e Rick Santorum acredita que ainda pode ter alguma chance de manter-se vivo na disputa pela nomeação. O motivo? O Estado pelo qual foi Senador, a Pennsylvania, estará em disputa. Porém, o risco é maior para o Partido Republicano, que verá mais um prolongamento da disputa interna – algo que os democratas têm celebrado.

Além da Pennsylvania, os demais Estados em disputa serão; Connecticut, Delaware, Nova York e Rhode Island. Vizinhos de Massachusetts, território de Romney, tais Estados tendem a dar uma chance maior de vitória ao atual líder. Ou seja, mesmo que Rick Santorum não desista – focado na Pennsylvania – suas chances para uma virada são mínimas. Pode ser uma aposta muito alta para a cúpula republicana.

Existe a possibilidade de Santorum abdicar da corrida, nos próximos dias. Embora trate-se de contextos diferentes, Jon Huntsman abandonou a corrida dias depois de anunciar que iria continuar, apesar de uma performance ruim em New Hampshire. Alguns dias de reflexão, somadas com a provável pressão interna do partido, poderão facilitar as coisas para Romney e para os republicanos.

É importante ressaltar que, pela primeira vez, Barack Obama dirigiu-se a Mitt Romney pelo nome – uma sutil demonstração de que a campanha já começou. Em um discurso focado na proposta orçamentária defendida pelo congressista republicano Paul Ryan – que apóia Romney – Obama fez críticas diretas à Romney, ao congressista e ao plano em si, classificando-o como “Darwinismo social”.

Já sob ataques diretos de Obama, quanto antes vier a provável nomeação, melhor para Romney – e para o partido.

 

Liderando as pesquisas por margens consideráveis nos três Estados onde haverá primárias hoje – Wisconsin, Maryland e no Distrito de Columbia – o ex-governador Mitt Romney pode consolidar sua nomeação como candidato republicano, caso obtenha as vitórias previstas.

O prolongamento da disputa interna no Partido Republicano pode atrapalhar o candidato na disputa com Barack Obama, em Novembro, já que os independentes – mais moderados – tendem a rejeitar a retórica conservadora que tem dominado o debate entre os possíveis nomeados. Newt Gingrich e Ron Paul estão praticamente fora da corrida, mas Rick Santorum ainda tem esperanças de prolongar a disputa até, pelo menos, as próximas primárias no dia 24 de Abril.

Hoje, todas as disputas são no formato winner-take-all, ou seja, o candidato que vencer a primária fica com todos os delegados em disputa. Dado que Romney provavelmente vencerá nos três Estados, sua vantagem no número de delegados aumentará consideravelmente, o que pode dar um fim simbólico à disputa interna dos republicanos.

Quanto antes houver esta definição, melhor para Romney, que poderá reorganizar sua campanha focando a disputa presidencial. Coincidentemente, hoje se inicia a campanha televisiva do Super PAC de Barack Obama em Estados considerados importantes na disputa.

Menachem Begin conversa com líder da operação que destruiu o programa nuclear iraquiano

O ano é 1981. Em 7 de Junho daquele ano, ainda durante a madrugada, um grupo de quatorze aeronaves da Força Aérea Israelense efetuou um ataque surpresa ao reator nuclear Osirak, instalado na cidade de Al-Tuweitha, nas proximidades de Bagdá.

À época, o programa nuclear iraquiano se desenvolvia rapidamente. Embora Saddam Hussein estivesse focado em sua batalha contra o recém-instalado regime revolucionário do Aiatolá Ruhollah Khomeini, Menachem Begin via uma bomba atômica iraquiana como uma ameaça direta ao Estado judeu. Desde 1948, Israel e Iraque viviam um relacionamento marcado pela constante tensão, visto que Bagdá se recusou a assinar o armistício que encerrou a Guerra de Independência daquele ano.

Desde o início das discussões sobre o bombardeio, ambos os chefes da AMAN (braço de inteligência militar de Israel) e do MOSSAD (serviço secreto de Israel), opuseram-se ao plano. Seus argumentos eram: (i) ainda levaria anos para que o programa iraquiano tivesse êxito em desenvolver o artefato nuclear; (ii) o bombardeio não destruiria o programa por completo; (iii) uma ação deste gênero poderia causar uma escalada militar na região; (iv) comprometer o acordo de paz entre israelenses e egípcios, de 1979 e (v) estremecer as relações entre Israel e EUA.

Begin e seus aliados próximos forçaram a ideia e o bombardeio obteve sucesso. As baixas foram mínimas e o programa nuclear de Saddam Hussein foi neutralizado.

Do ponto de vista de Israel, apesar das variáveis envolvidas num possível ataque às instalações iranianas serem mais complexas, a percepção sobre as consequências da operação em 1981 é muito similar aos desdobramentos de um ataque hoje. Logo, é compreensível que o establishment político de Israel se baseie no sucesso passado, dadas as similaridades entre Iraque (1981) e Irã (2012).

Ahmadinejad vistoria as instalações nucleares de Bushehr

Em 1981, havia argumentos de que um ataque não seria capaz de destruir completamente o programa, quanto muito atrasá-lo. Hoje, o debate é o mesmo, e baseando-se no que Israel viu acontecer com o Iraque, tal argumento perde consistência. A experiência mostrou aos israelenses que embasar a decisão de um ataque aéreo em sua efetividade de destruição é irrelevante, visto que o Iraque não foi capaz de retomar seu programa nuclear e o desenrolar da história acabou levando a uma mudança de regime.

Não é possível saber quando e como um ataque israelense tomaria corpo contra as instalações iranianas, mas o fato é que a história recente nos oferece um case empírico de sucesso envolvendo uma situação muito similar.

O ex-Senador Rick Santorum

Após as primárias do Estado da Louisiana, vencida pelo ex-Senador Rick Santorum, a corrida interna do Partido Republicano para a nomeação continua sem grandes alterações.

Mitt Romney ainda lidera com folga – 565 delegados contra apenas 256 de Santorum – e tende a receber a nomeação em meados de Abril. O grande problema para o ex-Governador de Massachusetts é a continuidade da disputa interna. Como já foi mencionado anteriormente, quanto mais longa a batalha pela nomeação, menores serão as chances do escolhido em vencer os votos independentes – decisivos na eleição de Novembro.

Seria interessante para Mitt Romney, e o Partido Republicano como um todo, poder direcionar os esforços, desde já, para a campanha contra o atual presidente Barack Obama. Mas os demais concorrentes à nomeação não dão indícios de desistência.

Não só Santorum, mas também Newt Gingrich e Ron Paul mantém-se na disputa e pretendem insistir por mais tempo.

Pesquisas indicam que, se as eleições fossem hoje, e o candidato republicano fosse Mitt Romney, Obama estaria com 48,1% das intenções de voto, contra 43,5% do republicano.

Nas primárias de hoje no Estado de Illinois, Mitt Romney conseguiu uma boa vitória e levou os 69 delegados em disputa, alcançando os 540 delegados. Rick Santorum, na segunda colocação, tem 239.

Romney obteve boa vantagem dentre todos os grupos de votantes – universitários, idosos acima de 65 anos e até mesmo dentre os evangélicos – o que qualifica ainda mais o resultado, dado que mesmo entre os mais conservadores dos eleitores, que teoricamente votariam em Rick Santorum ou Newt Gingrich, ele teve sucesso.

Mitt Romney e sua mulher, Ann, fazem discurso de vitória em Illinois

Este resultado pode aumentar as chances de Romney ser o nomeado do Partido Republicano. No entanto, a disputa está longe de terminar. Gingrich, Santorum e mesmo Ron Paul, que ainda não obteve nenhuma vitória em qualquer das primárias, não dão sinais de desistência da disputa. Um fator interessante é que muitos dos eleitores de hoje declararam que ‘não estavam plenamente satisfeitos com seus candidatos’. Ou seja, há eleitores republicanos votando pelo candidato elegível, mas não o considerado ideal por eles. Dado que o voto não é obrigatório nos EUA, esta tendência pode afetar o candidato republicano nas eleições em Novembro.

Embora tenha ganho mais espaço com a vitória de hoje, Mitt Romney ainda terá de esperar para receber uma eventual nomeação, já que seus concorrentes pretendem lutar pelos delegados restantes, por mais tempo

Leon Panetta e Hamid Karzai - relacionamento entre EUA e Afeganistão passa por seu pior momento

O Secretário da Defesa americano Leon Panetta não tem motivos para comemorar sua passagem pela Ásia Central. Logo no início do tour pela região, dois eventos já geram agitação em Washington.

Em reunião com o presidente do Afeganistão Hamid Karzai, o secretário foi publicamente pressionado a antecipar o processo de retirada das tropas da ISAF (International Security Assistance Forces – nome da missão da OTAN no país) para 2013 – originalmente o prazo era 2014. Em meio a um relacionamento altamente complexo e que se deteriorou gradativamente nos últimos anos, as ações do soldado americano – que matou 16 civis – ajudaram a piorar o cenário. O Taliban, que havia concordado em negociar para chegar a um acordo para pacificar o país, já anunciou sua retirada das conversas.

Em paralelo, um alto oficial do governo do Quirguistão informou Panetta que pretente fechar a base americana naquele país. Esta, localizada no aeroporto de Manas, próximo à capital Bishkek, é a única desta espécie presente na Ásia Central e essencial do ponto de vista logístico e tático para a operação americana no Afeganistão. A base também funciona como um posto avançado numa região onde outras potências, como China e, principalmente, Rússia, disputam por influência.

Em termos geopolíticos, essa é a área mais estratégica do globo. Historicamente, os grandes players travam disputas acirradas pela predominância nessa região. No século XIX, os impérios Britânico e Russo protagonizavam o que ficou conhecido como o Great Game (Grande Jogo), quando lutavam politica e militarmente pela hegemonia euroasiática.

Geopolítica da Ásia Central

Hoje, num cenário pós-Guerra Fria, EUA, Rússia e China são os atores principais no novo Great Game. Cada decisão tomada com relação ao Leste Europeu, Oriente Médio, Ásia Central e a Ásia do Leste é baseada neste raciocínio.

Embora o governo do Quirguistão já tenha feito ameaças do gênero anteriormente, o fato é que os EUA vem perdendo espaço na região. As relações com Afeganistão e Paquistão se deterioraram muito nos últimos dois anos, a Índia, embora tratada como aliada, recusou-se a se alinhar com os americanos na questão do Irã e a China, principal potência no Sudeste asiático, também ganha cada vez mais espaço no Oriente Médio. Os russos, embora não disponham da mesma força econômica de chineses e indianos, têm um alto grau de influência política e interesses estratégicos na área.

Com duas vitórias nas primárias da noite de ontem, Rick Santorum teve como maior prêmio o prolongamento da disputa interna do Partido Republicano para definir um candidato para as eleições em Novembro. Embora pouco provável, ele ainda acredita na nomeação.

Santorum celebra as vitórias no Sul

Newt Gingrich foi o grande perdedor, já que os Estados mais conservadores eram tidos como seu ponto forte – ele permanece com apenas duas vitórias nos Estados da Geórgia e Carolina do Sul. Apesar disso, ele não dá sinais de que vai abandonar a disputa.

A campanha de Mitt Romney, embora não surpresa com o resultado, sai-se frustrada com os resultados. Pesquisas davam sinais de que o ex-governador de Massachusetts tinha chances de emplacar, pelo menos, uma vitória. O fato é que os eleitores daquela região não vêem Romney como conservador o suficiente – algo bastante explorado por Gingrich e Santorum. Com uma vitória ontem, ele ganharia credenciais para receber apoio maior dentro do partido, podendo encerrar a disputa interna e focar a campanha contra o atual presidente.

Disputa por delegados - são necessários 1.144 para a nomeação

O grande beneficiário desta disputa tão acirrada, naturalmente, é Barack Obama. Mais tempo de campanha interna entre os republicanos significa mais chances de os votos independentes migrarem para os Democratas em Novembro. Mesmo que Mitt Romney, o provável indicado e mais moderado das opções venha a ser o escolhido, será difícil separá-lo da onda conservadora que permeou a disputa interna republicana até agora.

Ron Paul não vem sendo mencionado pois suas chances são mínimas. Mas é importante frisar o suporte que suas pesadas críticas sobre a situação econômica atual – sendo o FED (Banco Central dos EUA) o principal alvo – e sua política externa isolacionista recebe dos jovens americanos.

A próxima primária será em Porto Rico, no dia 18, onde 23 delegados estarão em disputa no formato “winner-take-all“, ou seja, quem vencer leva todos os delegados. As primárias de ontem eram baseadas na proporcionalidade.

 

 

Recentemente, algumas pesquisas eleitorais nos EUA têm mostrado o ex-governador Mitt Romney na frente do atual presidente Barack Obama, numa eventual disputa entre ambos pela Casa Branca, caso as eleições fossem hoje. Embora ainda seja cedo para avaliar a profundidade de tais pesquisas, esse é um fenônemo a ser observado de perto.

Em algumas partes dos EUA, o galão já ultrapassa os 4 dólares

A força motriz dessas pesquisas vem sendo o preço da gasolina, que subiu consideravelmente no último ano. Eventos como a revolta na Líbia e a atual crise envolvendo o Irã elevaram o preço do galão para mais de USD 4,00 em algumas partes dos EUA, sendo que na maior parte do país o valor está ao redor de USD 3,80. Pesquisas indicam que mais de 80% da população acredita que os preços atingirão pouco mais de USD 4,00 nos próximos meses – e uma minoria acredita em até USD 5,00.

Caso a situação não se altere, o presidente Obama se verá obrigado a injetar uma quantidade considerável de petróleo na economia – tal quantidade viria da Reserva Estratégica de Petróleo (SPR na sigla em inglês). Em 2011, em meio à crise na Líbia, isso foi feito – à época, 30 milhões de barris foram colocados à disposição para acalmar os mercados. A reserva, que tem capacidade total de armazenamento de 727 milhões de barris, foi constituída em dezembro de 1975, após o trauma do choque de 1973-4. Sua utilização já foi alvo de críticas por não inspirar confiança o suficiente nos mercados, isso devido à má-utilização em momentos críticos e uma gestão que não leva em conta preceitos básicos do mercado – compras foram feitas quando o preço do barril esteve alto e vendas quando os preços caíam.

O fato é que a Casa Branca precisará resolver este problema no curto prazo, caso não queira dar argumentos para seu futuro adversário na campanha presidencial. Em meio às bravatas típicas do período eleitoral, preços altos nas bombas de gasolina podem ser fatais para a reeleição de Obama. É bom lembrar que – variáveis mercadológicas à parte – o preço do galão girava em torno de USD 1,90 no início da gestão atual, em Janeiro de 2009.

 

 

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OBS.:

1 galão = 3,78 litros (aprox.)

Hoje, 13 de Março, ocorrem mais primárias do Partido Republicano nos EUA. Dado que a corrida para receber a nomeação do partido se prolonga cada vez mais, uma possível consolidação de Mitt Romney poderia encerrar este processo e permitir o direcionamento da campanha para 4 de Novembro.

Um fator interessante nas primárias de hoje está nos Estados envolvidos – Alabama e Mississipi. Redutos tradicionalmente mais conservadores dos eleitores republicanos, vêm apresentando pesquisas que prevêem uma disputa acirrada entre Romney, mais moderado dentre os concorrentes, e Newt Gingrich e Rick Santorum, mais conservadores.

Mitt Romney faz campanha no Estado do Mississipi

Caso Mitt Romney vença em um, ou mesmo nos dois Estados, ele apresentará credenciais importantes para conquistar a ala mais conservadora do Partido Republicano e, consequentemente, tornar quase impossível a nomeação dos demais concorrentes. Se perder, não será nenhuma surpresa, mas a disputa interna se prolongará ainda mais – fator que pode enfraquecer o Partido Republicano na campanha contra Barack Obama.

 

Depois de mais uma rodada de primárias do Partido Republicano, Mitt Romney manteve-se na liderança mesmo perdendo para Rick Santorum no Estado do Kansas, mais importante em disputa no final de semana.

Santorum, com cerca de 51% dos votos, levou 33 dos 40 delegados em disputa naquele Estado. Romney ficou com os 7 restantes, dado que neste caso, a distribuição dos delegados é proporcional aos votos recebidos – em outros Estados, o sistema “winner-takes-it-all” dá todos os delegados para o vencedor, independentemente da margem. Hoje, a situação é a seguinte;

Nesta quarta-feira, 13, novas primárias ocorrerão nos seguintes Estados;

  • Alabama (50 delegados)
  • Mississipi (40 delegados)
  • Havaí (20 delegados)
  • Samoa Americana (9 delegados)

Será uma disputa interessante, uma vez que colocará em xeque a capacidade de Romney, mais moderado dentre os candidatos, de obter bons resultados em regiões tradicionalmente conservadoras da base republicana – casos de Alabama e MIssissipi. As pesquisas mais recentes mostram uma corrida acirrada; no Alabama, Romney (31%), Gingrich (30%) e Santorum (29%) estão tecnicamente empatados. No Mississipi, Gingrich (33%), Romney (31%) e Santorum (27%) também demonstram que não será fácil alguém disparar.

Tudo indica que a escolha por um candidato para enfrentar o Presidente Obama, em Novembro, ainda levará tempo.

Potências ocidentais, representadas hoje pelo Grupo 5+1 – os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha – concordaram em retomar as conversas com o Irã, na tentativa de chegar à uma solução diplomática para a crise que envolve o programa nuclear daquele país. Oficiais israelenses, como esperado, demonstraram ceticismo quanto à oferta iraniana feita através de Saeed Jalili, negociador oficial.

Saeed Jalili, negociador iraniano

A notícia vem em meio à recente vitória esmagadora do grupo do Aiatolá Ali Khamenei nas eleições parlamentares, enfraquecendo o presidente Mahmoud Ahmadinejad e, também, da visita do Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu à Washington, durante a qual o Presidente Barack Obama reafirmou o alinhamento entre os dois Estados, o comprometimendo dos EUA com a defesa do Estado judeu mas, também, pediu tempo para que uma solução diplomática seja alcançada.

O Diretor-Geral da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), Yukiya Amano, afirmou que todas as instalações sob obervação da agência têm fins pacíficos. Porém, ele também afirma que há suspeitas de que outras instalações, não-declaradas, estejam direcionadas para fins militares. “O Irã não está nos falando tudo. Essa é a minha impressão” afirmou.

O Presidente Obama e o Primeiro Ministro Netanyahu

As palavras de Obama, pedindo por mais tempo para a diplomacia, foram elogiadas pelo líder supremo do Irã. O mesmo, fortificado após os resultados da última eleição, pode estar ganhando mais tempo, já que o discurso pró-ataque israelense tem se intensificado. Na terça-feira (6), foi anunciado que Netanyahu pediu para o Secretário da Defesa, Leon Panetta, aprovar a venda de bombas anti-bunker para as Forças de Defesa de Israel. Tais artefatos seriam cruciais para aumentar as chances de sucesso de um ataque israelense às instalações iranianas.

Aiatolá Ali Khamenei

A população do Irã vive o medo de um possível confronto militar com o Ocidente. Khamenei, por outro lado, vê nesta guerra fria a possibilidade de o regime revolucionário demonstrar força. O Aiatolá vê os EUA como uma potência em declínio, principalmente regional – e a aquisição do artefato nuclear daria ao Irã o instrumentário necessário para consolidar seu projeto de supremacia regional – algo impensável para Israel e, principalmente, para os Sauditas, que observam atentos o desenrolar desta crise. Logo, é prematuro dizer que a oferta de negociação represente, de fato, um arrefecimento por parte de Teerã.

Após a ‘Super Tuesday’, que não trouxe nenhum resultado concreto em termos de consolidação de um candidato como grande favorito para a nomeação do Partido Republicano, Mitt Romney manteve-se na dianteira na disputa pelos delegados, ampliando a vantagem sobre Rick Santorum.

Embora o ex-Governador de Massachusetts tenha aumentado a diferença no número de delegados para o ex-Senador Santorum – de 90, antes de 6 de Março, para 202 hoje – a disputa pela nomeação do partido permanece aberta até, no mínimo, as próximas primárias que ocorrem neste sábado (10/03). As zonas em disputa são;

  • Kansas (40 delegados)
  • Ilhas Virgens Americanas* (9 delegados)
  • Ilhas Marianas do Norte* (9 delegados)
  • Ilha de Guam* (9 delegados)

 

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* Nota de esclarecimento;

As Ilhas Marianas do Norte tem o mesmo status político de Porto Rico, ou seja, os habitantes são cidadãos americanos e tem representatividade na Câmara, embora seus representantes não disponham de poder de voto. As Ilhas Virgens Americanas e a Ilha de Guam são territórios não-incorporados dos EUA. A Constituição americana rege as leis locais, porém apenas cidadãos americanos – não é toda a população local que dispões deste status – podem votar nas eleições.

 

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