Chegou-se ao esperado: um acordo interino sobre o programa nuclear do Irã. Já tínhamos muitos indícios que isso aconteceria. A eleição do suposto moderado Hassam Houhani, a condução da política externa de Obama e o impacto das sanções favoreciam o cenário para um acordo.

Os holofotes estão focados no acordo em si, quando o mais importante parece estar sendo deixado de lado. O ponto relevante não é a assinatura de um acordo, mas o tipo de acordo que foi assinado e seu significado para a questão em pauta — o programa nuclear iraniano.

Hoje a maior ameaça para a segurança internacional é o programa nuclear iraniano. Por que? Existem os motivos internos e externos. Do lado interno, o regime iraniano é um dos maiores violadores dos direitos humanos no mundo; financia, treina e arma dois dos mais ativos grupos terroristas (Hamas e Hezbollah); tem um projeto hegemônico na região; mantém o regime Sírio vivo; e ameaça riscar do mapa um dos seus rivais: Israel. Do ponto de vista externo, um Irã atômico desestruturaria o Tratado de Não Proliferação Nuclear (tratado que cuida das questões relacionadas a armas e energia atômica). O regime de proliferação nuclear seria abalado pois desencadearia uma corrida nuclear. Isso aconteceria justamente na região mais instável do planeta. Imaginem o Oriente Médio repleto de países nucleares? Arábia Saudita, Egito e Turquia iriam desenvolver sua bomba atômica. Se esses novos países entrassem para o clube nuclear, o que impediria outros países de buscar a arma mais poderosa de todas? Imaginem o mundo com 30 ou 40 países em posse de bombas atômicas!

O pior de todos os cenários seria a soma dos desafios internos e externos. Me refiro a proliferação nuclear para um grupo terrorista. O mundo entraria em choque, e simplesmente tudo mudaria caso tivéssemos um 11 de setembro nuclear. Todas as grandes capitais do mundo entrariam em estado de emergência com medo de serem alvos de um ataque terrorista nuclear. O número de mortos seria muito superior a grandes conflitos históricos. O pânico seria total. Viagens e comércio internacional seriam muito abalados. As bolsas de valores do mundo derreteriam. O tamanho do estrago moral e material é imensurável e indescritível.

A descrição do pior cenário é necessária para contextualizarmos o porque está se debatendo um acordo com o Irã. O acordo não é para restabelecer relações diplomáticas do país com o Ocidente, principalmente os EUA. Claro que isso pode ser uma conseqüência futura, mas o foco dessa discussão é, ou deveria ser, o programa nuclear. Dessa forma, a conclusão obvia é de que um acordo só faz sentido se tratar do problema central: impedir as ambições nucleares do Irã.

O acordo assinado ontem tem uma serie de problemas. Segue a lista abaixo:

I. Inspeções não garantem confiabilidade

O acordo assinado permite inspetores visitar instalações, mas isso não tem muito significado devido ao histórico do país em dificultar as inspeções e enganar inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Por exemplo, desde o relatório da AIEA de 2011, a instalação de Parchin – um complexo de testes de explosivos e parte do programa militar nuclear do Irã – tem negado acesso aos inspetores da Agência Atômica. Pior do que isso, o Irã iniciou reformas no local que estão sendo documentadas por fotos de satélite. Todo o solo da base militar está sendo asfaltado. Normalmente inspetores precisam coletar amostras do solo para localizar rastros de material radioativo. Uma vez terminada a reforma, ficará impossível uma analise confiável. Para piorar, Parchin não está na lista de locais que inspetores terão acesso de acordo com o ultimo termo entre a Agência e o Irã. Como signatário do Tratado, o Irã já deveria permitir acesso irrestrito aos inspetores. Ou seja, essa concessão não pode ser vista nem como uma concessão, mas como uma falha na sua obrigação.

II. Acordos Interinos e seus problemas

Esse acordo não é um acordo final, mas apenas um aperitivo para preparar o terreno para as conversas futuras que virão. O problema é que o aperitivo foi muito farto para com o Irã e vai balizar as discussões dentro de uma perspectiva aonde o país precisa oferecer pouco e merece receber muito. O acordo atual não coloca um freio nos aspectos mais problemáticos do programa nuclear iraniano, particularmente limitando o numero de centrifugas e garantias solidas que o país não poderá converter seu urânio enriquecido em material para uma bomba.

Os obstáculos para serem superados são enormes, e os opositores internos dentro dos EUA e do Irã precisam estar convencidos que o acordo final representa seus maiores interesses. O Congresso americano só vai concordar em suspender todas as sanções caso existam propostas objetivas de destruição do programa nuclear e ao mesmo tempo mecanismos eficazes de verificação. Nada disso existe hoje, e nem foi colocado na mesa. Um acordo satisfatório para todos os stakeholders envolvidos tem uma cara muito diferente do acordo interino assinado ontem. Em outras palavras, será que Washington e Teerã são capazes de concordar com um acordo aonde o Irã abdica por completo do seu programa nuclear e os EUA suspende todas as sanções?

III. Legitimar um estado violador

O acordo atual manda um sinal muito ruim para o mundo e outros países que buscam construir suas bombas atômicas. O acordo retira o status de violador do Irã e passa a tratá-lo como um país que nunca descumpriu suas obrigações. A legitimidade das 6 resoluções do Conselho de Segurança da ONU, demandando que o Irã encerre o enriquecimento de urânio por não cumprimento do Tratado de Não Proliferação, jamais será restabelecida. Permitir que o Irã continue seu programa de enriquecimento, mesmo que seja até 5%, demonstra um retrocesso em termos das resoluções passadas do Conselho. O Irã sempre quis ter o direito de manter seu programa de enriquecimento e a comunidade internacional sempre se posicionou unanimemente contraria sabendo dos riscos dessa capacidade. Não existe bomba atômica sem capacidade de enriquecer urânio. O acordo interino recompensa o Irã pelo seu passado de violações e afrouxa os requisitos mínimos de garantia que possam impedir o país de construir sua bomba.

IV. Líbia ou Coreia do Norte

Presidentes em segundo mandato tentam melhorar seu legado. Obama passou os últimos anos dizendo que não deixaria o Irã adquirir a bomba atômica sob sua liderança. Reparem que ele está mais preocupado em garantir que isso não aconteça durante o seu mandato e não necessariamente em resolver o problema. Obama está tentando minimizar os seus riscos, jogando o problema o mais para frente possível com o mínimo de esforço e custo no presente. Clinton tentou sem sucesso em seu segundo mandato um acordo de Camp David II para acabar com o conflito Israelense e Palestino. Bush tentou um acordo final com a Coreia do Norte. Seu governo retirou a Coreia da lista de patrocinadores do terrorismo e suspendeu algumas sanções. Em resposta, os norte coreanos redobraram seu programa nuclear e balístico. O acordo atual remete mais ao cenário da Coreia do Norte do que ao acordo assinado com a Líbia para desmantelar seu programa nuclear.

V. Assimetria de trocas

Até hoje o Irã não aceitou nenhuma das propostas de acordo. O que fez o país mudar de ideia? As sanções finalmente começaram a ter efeito e estão abalando a sua econômica. Só tem uma coisa que o regime em Teerã valoriza mais do que armas nucleares: sua sobrevivência. Na verdade a maior utilidade de possuir tais armas é garantir sua sobrevivência. As sanções estão criando mais instabilidade e colocando em risco a sobrevivência do regime. Dentro desse contexto de máxima vantagem para o Ocidente que se deu inicio as negociações em Geneva. Estranhamente no momento de maior vantagem, os EUA decidiram fazer as maiores concessões, justamente quando quem estava pronto para ceder mais era o Irã. O Ocidente ofereceu suspender algumas sanções em troca de mudanças cosméticas que não alteram em nada a infra-estrutura nuclear do Irã. O próprio EUA aliviaram suas demandas ao permitir que o Irã continuasse enriquecer urânio. Durante o primeiro mandato, o próprio governo Obama ofereceu um acordo aonde o Irã deveria importar urânio enriquecido ao invés de enriquece-lo. Essa assimetria vai produzir paradigmas perigosos para qualquer acordo definitivo além de ser leniente com o programa nuclear e não endereçar o problema central que seria impedir o Irã de desenvolver uma bomba atômica.

VI. Mudanças não acontecem tão rapidamente

O regime iraniano não deixou de ser o regime iraniano e nem tem porque deixar de ser. Negar o Holocausto, ameaçar riscar Israel do mapa, financiar terrorismo e muitos outros são algumas das políticas que continuam fazendo parte do cardápio iraniano. Eu já escrevi em outro post como o programa nuclear iraniano é em parte tão grave e problemático devido ao seu comportamento e suas políticas. Caso o governo do Irã não fosse quem é, os riscos em jogo seriam menores para todos. A retórica extremista só aumenta a tensão e mostra a essência do regime dos clérigos. O regime não mudou e não deve mudar. O ex-presidente Ahmadinejad não era o único extremista, e o atual presidente, Rouhani, só parece moderado quando comparado com seu antecessor. O líder supremo fez um pronunciamento semana passada descrevendo Israel como um “cachorro fanático” e demostrando que a ideologia extremista continua sendo o pilar do regime. Rouhani quando perguntado sobre o Holocausto respondeu que não era um historiador para confirmar sua veracidade.

O Irã não deve deixar de financiar e promover o terrorismo na região. Muito menos apoiar o regime de Assad. É difícil confiar em uma mudança na área nuclear sabendo que o governo segue o seu mesmo padrão em todas as outras áreas.

Em suma, o dilema do programa nuclear iraniano está longe de ser resolvido e o seu problema central não parece ter sido resolvido pelo acordo de ontem. Vamos acompanhar as cenas dos próximos capítulos.

 

 Artigo original: http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/risco-politico-global/2013/11/25/o-significado-do-acordo-nuclear-com-o-ira/

Santorum desiste da nomeação

O ex-Senador da Pennsylvania, Rick Santorum, principal adversário do ex-Governador Mitt Romney pela nomeação do Partido Republicano para as eleições deste ano, abdicou da disputa. Desta forma, Romney consolida sua posição como candidato republicano de facto para enfrentar Barack Obama em Novembro.

Embora ainda tivesse esperanças de obter um resultado positivo na Pennsylvania, pesquisas nos últimos dias previam uma disputa apertada entre os dois. As pesquisas também colocam Romney como favorito nos demais quatro Estados que realizam primárias, em 24 de Abril. A possibilidade de ser derrotado dentro do Estado pelo qual foi Senador seria um fim embaraçoso para um candidato que teve uma ascensão considerável.

Embora Newt Gingrich e Ron Paul ainda não tenham se manifestado, é natural que o Partido Republicano, em breve, se pronuncie quanto à definição de Romney como seu candidato e facilite o posicionamento de campanha – agora com foco total na administração Obama.

Será interessante observar a estratégia de Mitt Romney, que terá de demonstrar aos eleitores independentes – decisivos na disputa – que não é tão conservador quanto hoje parece. Em meio á disputa dos republicanos pela nomeação, ele sempre foi alvo de seus adversários por ser considerado moderado demais.

 

 

Romney é saudado pelas três vitórias incontestáveis

Como previsto, Mitt Romney obteve fáceis vitórias nas três primárias ocorridas ontem em Maryland, Wisconsin e no Distrito de Columbia. Sua vantagem sobre Rick Santorum, na contagem de delegados, aumentou consideravelmente – hoje ele detém 652 delegados contra 269 de Santorum. Para garantir matematicamente a nomeação, são necessários 1.144 delegados.

Entretanto, é possível que Romney consiga a nomeação em menos tempo. Isso se daria pela crescente pressão interna do Partido Republicano para que Rick Santorum, hoje seu único adversário, abdique da corrida. Embora fosse o ideal, um empecilho pode estar no calendário eleitoral.

Em 24 de Abril haverá uma nova rodada de primárias, e Rick Santorum acredita que ainda pode ter alguma chance de manter-se vivo na disputa pela nomeação. O motivo? O Estado pelo qual foi Senador, a Pennsylvania, estará em disputa. Porém, o risco é maior para o Partido Republicano, que verá mais um prolongamento da disputa interna – algo que os democratas têm celebrado.

Além da Pennsylvania, os demais Estados em disputa serão; Connecticut, Delaware, Nova York e Rhode Island. Vizinhos de Massachusetts, território de Romney, tais Estados tendem a dar uma chance maior de vitória ao atual líder. Ou seja, mesmo que Rick Santorum não desista – focado na Pennsylvania – suas chances para uma virada são mínimas. Pode ser uma aposta muito alta para a cúpula republicana.

Existe a possibilidade de Santorum abdicar da corrida, nos próximos dias. Embora trate-se de contextos diferentes, Jon Huntsman abandonou a corrida dias depois de anunciar que iria continuar, apesar de uma performance ruim em New Hampshire. Alguns dias de reflexão, somadas com a provável pressão interna do partido, poderão facilitar as coisas para Romney e para os republicanos.

É importante ressaltar que, pela primeira vez, Barack Obama dirigiu-se a Mitt Romney pelo nome – uma sutil demonstração de que a campanha já começou. Em um discurso focado na proposta orçamentária defendida pelo congressista republicano Paul Ryan – que apóia Romney – Obama fez críticas diretas à Romney, ao congressista e ao plano em si, classificando-o como “Darwinismo social”.

Já sob ataques diretos de Obama, quanto antes vier a provável nomeação, melhor para Romney – e para o partido.

 

Liderando as pesquisas por margens consideráveis nos três Estados onde haverá primárias hoje – Wisconsin, Maryland e no Distrito de Columbia – o ex-governador Mitt Romney pode consolidar sua nomeação como candidato republicano, caso obtenha as vitórias previstas.

O prolongamento da disputa interna no Partido Republicano pode atrapalhar o candidato na disputa com Barack Obama, em Novembro, já que os independentes – mais moderados – tendem a rejeitar a retórica conservadora que tem dominado o debate entre os possíveis nomeados. Newt Gingrich e Ron Paul estão praticamente fora da corrida, mas Rick Santorum ainda tem esperanças de prolongar a disputa até, pelo menos, as próximas primárias no dia 24 de Abril.

Hoje, todas as disputas são no formato winner-take-all, ou seja, o candidato que vencer a primária fica com todos os delegados em disputa. Dado que Romney provavelmente vencerá nos três Estados, sua vantagem no número de delegados aumentará consideravelmente, o que pode dar um fim simbólico à disputa interna dos republicanos.

Quanto antes houver esta definição, melhor para Romney, que poderá reorganizar sua campanha focando a disputa presidencial. Coincidentemente, hoje se inicia a campanha televisiva do Super PAC de Barack Obama em Estados considerados importantes na disputa.

O ex-Senador Rick Santorum

Após as primárias do Estado da Louisiana, vencida pelo ex-Senador Rick Santorum, a corrida interna do Partido Republicano para a nomeação continua sem grandes alterações.

Mitt Romney ainda lidera com folga – 565 delegados contra apenas 256 de Santorum – e tende a receber a nomeação em meados de Abril. O grande problema para o ex-Governador de Massachusetts é a continuidade da disputa interna. Como já foi mencionado anteriormente, quanto mais longa a batalha pela nomeação, menores serão as chances do escolhido em vencer os votos independentes – decisivos na eleição de Novembro.

Seria interessante para Mitt Romney, e o Partido Republicano como um todo, poder direcionar os esforços, desde já, para a campanha contra o atual presidente Barack Obama. Mas os demais concorrentes à nomeação não dão indícios de desistência.

Não só Santorum, mas também Newt Gingrich e Ron Paul mantém-se na disputa e pretendem insistir por mais tempo.

Pesquisas indicam que, se as eleições fossem hoje, e o candidato republicano fosse Mitt Romney, Obama estaria com 48,1% das intenções de voto, contra 43,5% do republicano.

Nas primárias de hoje no Estado de Illinois, Mitt Romney conseguiu uma boa vitória e levou os 69 delegados em disputa, alcançando os 540 delegados. Rick Santorum, na segunda colocação, tem 239.

Romney obteve boa vantagem dentre todos os grupos de votantes – universitários, idosos acima de 65 anos e até mesmo dentre os evangélicos – o que qualifica ainda mais o resultado, dado que mesmo entre os mais conservadores dos eleitores, que teoricamente votariam em Rick Santorum ou Newt Gingrich, ele teve sucesso.

Mitt Romney e sua mulher, Ann, fazem discurso de vitória em Illinois

Este resultado pode aumentar as chances de Romney ser o nomeado do Partido Republicano. No entanto, a disputa está longe de terminar. Gingrich, Santorum e mesmo Ron Paul, que ainda não obteve nenhuma vitória em qualquer das primárias, não dão sinais de desistência da disputa. Um fator interessante é que muitos dos eleitores de hoje declararam que ‘não estavam plenamente satisfeitos com seus candidatos’. Ou seja, há eleitores republicanos votando pelo candidato elegível, mas não o considerado ideal por eles. Dado que o voto não é obrigatório nos EUA, esta tendência pode afetar o candidato republicano nas eleições em Novembro.

Embora tenha ganho mais espaço com a vitória de hoje, Mitt Romney ainda terá de esperar para receber uma eventual nomeação, já que seus concorrentes pretendem lutar pelos delegados restantes, por mais tempo

Com duas vitórias nas primárias da noite de ontem, Rick Santorum teve como maior prêmio o prolongamento da disputa interna do Partido Republicano para definir um candidato para as eleições em Novembro. Embora pouco provável, ele ainda acredita na nomeação.

Santorum celebra as vitórias no Sul

Newt Gingrich foi o grande perdedor, já que os Estados mais conservadores eram tidos como seu ponto forte – ele permanece com apenas duas vitórias nos Estados da Geórgia e Carolina do Sul. Apesar disso, ele não dá sinais de que vai abandonar a disputa.

A campanha de Mitt Romney, embora não surpresa com o resultado, sai-se frustrada com os resultados. Pesquisas davam sinais de que o ex-governador de Massachusetts tinha chances de emplacar, pelo menos, uma vitória. O fato é que os eleitores daquela região não vêem Romney como conservador o suficiente – algo bastante explorado por Gingrich e Santorum. Com uma vitória ontem, ele ganharia credenciais para receber apoio maior dentro do partido, podendo encerrar a disputa interna e focar a campanha contra o atual presidente.

Disputa por delegados - são necessários 1.144 para a nomeação

O grande beneficiário desta disputa tão acirrada, naturalmente, é Barack Obama. Mais tempo de campanha interna entre os republicanos significa mais chances de os votos independentes migrarem para os Democratas em Novembro. Mesmo que Mitt Romney, o provável indicado e mais moderado das opções venha a ser o escolhido, será difícil separá-lo da onda conservadora que permeou a disputa interna republicana até agora.

Ron Paul não vem sendo mencionado pois suas chances são mínimas. Mas é importante frisar o suporte que suas pesadas críticas sobre a situação econômica atual – sendo o FED (Banco Central dos EUA) o principal alvo – e sua política externa isolacionista recebe dos jovens americanos.

A próxima primária será em Porto Rico, no dia 18, onde 23 delegados estarão em disputa no formato “winner-take-all“, ou seja, quem vencer leva todos os delegados. As primárias de ontem eram baseadas na proporcionalidade.

 

 

Recentemente, algumas pesquisas eleitorais nos EUA têm mostrado o ex-governador Mitt Romney na frente do atual presidente Barack Obama, numa eventual disputa entre ambos pela Casa Branca, caso as eleições fossem hoje. Embora ainda seja cedo para avaliar a profundidade de tais pesquisas, esse é um fenônemo a ser observado de perto.

Em algumas partes dos EUA, o galão já ultrapassa os 4 dólares

A força motriz dessas pesquisas vem sendo o preço da gasolina, que subiu consideravelmente no último ano. Eventos como a revolta na Líbia e a atual crise envolvendo o Irã elevaram o preço do galão para mais de USD 4,00 em algumas partes dos EUA, sendo que na maior parte do país o valor está ao redor de USD 3,80. Pesquisas indicam que mais de 80% da população acredita que os preços atingirão pouco mais de USD 4,00 nos próximos meses – e uma minoria acredita em até USD 5,00.

Caso a situação não se altere, o presidente Obama se verá obrigado a injetar uma quantidade considerável de petróleo na economia – tal quantidade viria da Reserva Estratégica de Petróleo (SPR na sigla em inglês). Em 2011, em meio à crise na Líbia, isso foi feito – à época, 30 milhões de barris foram colocados à disposição para acalmar os mercados. A reserva, que tem capacidade total de armazenamento de 727 milhões de barris, foi constituída em dezembro de 1975, após o trauma do choque de 1973-4. Sua utilização já foi alvo de críticas por não inspirar confiança o suficiente nos mercados, isso devido à má-utilização em momentos críticos e uma gestão que não leva em conta preceitos básicos do mercado – compras foram feitas quando o preço do barril esteve alto e vendas quando os preços caíam.

O fato é que a Casa Branca precisará resolver este problema no curto prazo, caso não queira dar argumentos para seu futuro adversário na campanha presidencial. Em meio às bravatas típicas do período eleitoral, preços altos nas bombas de gasolina podem ser fatais para a reeleição de Obama. É bom lembrar que – variáveis mercadológicas à parte – o preço do galão girava em torno de USD 1,90 no início da gestão atual, em Janeiro de 2009.

 

 

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OBS.:

1 galão = 3,78 litros (aprox.)

Hoje, 13 de Março, ocorrem mais primárias do Partido Republicano nos EUA. Dado que a corrida para receber a nomeação do partido se prolonga cada vez mais, uma possível consolidação de Mitt Romney poderia encerrar este processo e permitir o direcionamento da campanha para 4 de Novembro.

Um fator interessante nas primárias de hoje está nos Estados envolvidos – Alabama e Mississipi. Redutos tradicionalmente mais conservadores dos eleitores republicanos, vêm apresentando pesquisas que prevêem uma disputa acirrada entre Romney, mais moderado dentre os concorrentes, e Newt Gingrich e Rick Santorum, mais conservadores.

Mitt Romney faz campanha no Estado do Mississipi

Caso Mitt Romney vença em um, ou mesmo nos dois Estados, ele apresentará credenciais importantes para conquistar a ala mais conservadora do Partido Republicano e, consequentemente, tornar quase impossível a nomeação dos demais concorrentes. Se perder, não será nenhuma surpresa, mas a disputa interna se prolongará ainda mais – fator que pode enfraquecer o Partido Republicano na campanha contra Barack Obama.

 

Depois de mais uma rodada de primárias do Partido Republicano, Mitt Romney manteve-se na liderança mesmo perdendo para Rick Santorum no Estado do Kansas, mais importante em disputa no final de semana.

Santorum, com cerca de 51% dos votos, levou 33 dos 40 delegados em disputa naquele Estado. Romney ficou com os 7 restantes, dado que neste caso, a distribuição dos delegados é proporcional aos votos recebidos – em outros Estados, o sistema “winner-takes-it-all” dá todos os delegados para o vencedor, independentemente da margem. Hoje, a situação é a seguinte;

Nesta quarta-feira, 13, novas primárias ocorrerão nos seguintes Estados;

  • Alabama (50 delegados)
  • Mississipi (40 delegados)
  • Havaí (20 delegados)
  • Samoa Americana (9 delegados)

Será uma disputa interessante, uma vez que colocará em xeque a capacidade de Romney, mais moderado dentre os candidatos, de obter bons resultados em regiões tradicionalmente conservadoras da base republicana – casos de Alabama e MIssissipi. As pesquisas mais recentes mostram uma corrida acirrada; no Alabama, Romney (31%), Gingrich (30%) e Santorum (29%) estão tecnicamente empatados. No Mississipi, Gingrich (33%), Romney (31%) e Santorum (27%) também demonstram que não será fácil alguém disparar.

Tudo indica que a escolha por um candidato para enfrentar o Presidente Obama, em Novembro, ainda levará tempo.

Por razões óbvias, o programa nuclear iraniano e suas repercussões na região e no mundo tem sido o foco dos debates. E, quando se pensa na Síria, o assunto é o levante de parte da população contra o regime de Bashar al-Assad e suas represálias drásticas se manter no poder.

O fato é que, de forma discreta, o Departamento de Estado dos EUA tem mantido contato com os vizinhos da Síria – Jordânia, Iraque, Líbano e Arábia Saudita – oferecendo auxílio aos mesmos para lidar com um problema mais grave do ponto de vista geopolítico; o arsenal de armas químicas e bacteriológicas que, embora nunca comprovado, é tido por muitos como existente e que, em caso de um colapso no regime de Assad, poderia entrar nestes países através do mercado negro.

Embora a existência de tal arsenal nunca tenha sido comprovada, o mesmo recebe grande credibilidade por parte da comunidade internacional, especialmente no Oriente Médio. As armas, que envolvem gás mostarda e o chamado nerve gas, poderiam ser utilizadas com bombas cluster e mísseis balísticos.

Estes armamentos teriam sido desenvolvidos recentemente como uma forma de contrabalancear o arsenal nuclear de Israel, grande inimigo regional de Damasco. Com a situação interna na Síria se deteriorando a cada dia, a possibilidade deste tipo de arma cair nas mãos de grupos como o Hezbollah ou Hamas tornaria a dinâmica geopolítica regional ainda mais complexa e colocaria a segurança dos Estados vizinhos em xeque.

Este fator torna o processo de tomada de decisão, por parte da comunidade internacional, sobre intervir ou não ainda mais complicado. No Congresso americano, Senadores como John McCain (R), Lindsay Graham (R) e Joe Lieberman (I) já fazem pressão sobre a administração Obama para um plano militar para a Síria. Embora a existência do arsenal de destruição em massa possa acelerar este processo, os obstáculos para tal operação mostram-se difíceis de serem contornados.

A geografia da Síria dificultaria uma operação nos moldes do que ocorreu na Líbia e, além disso, o aparato militar daquele país ofereceria uma resistência maior e mais sólida. É importante lembrar que o exército sírio, apesar de algumas deserções, permanece coeso e fiel ao regime. O mesmo é composto quase que totalmente por alauítas, mesma vertente islâmica de Bashar al-Assad.

Ainda que, num cenário ideal, tais questões fossem contornadas, haveria ainda o fator diplomático. As posições de China e Rússia no Conselho de Segurança da ONU permanecem as mesmas – contra uma intervenção militar – e não dão sinais de que vão mudar no curto-prazo.

A crise síria ganha contornos dramáticos. Embora seja claramente necessária alguma medida para que civis parem de ser mortos de forma sistemática pelo exército, é preciso colocar todas as variáveis na equação para se tomar a decisão mais precisa. A tendência é de que o cenário naquele país não vá mudar tão rapidamente.

Potências ocidentais, representadas hoje pelo Grupo 5+1 – os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha – concordaram em retomar as conversas com o Irã, na tentativa de chegar à uma solução diplomática para a crise que envolve o programa nuclear daquele país. Oficiais israelenses, como esperado, demonstraram ceticismo quanto à oferta iraniana feita através de Saeed Jalili, negociador oficial.

Saeed Jalili, negociador iraniano

A notícia vem em meio à recente vitória esmagadora do grupo do Aiatolá Ali Khamenei nas eleições parlamentares, enfraquecendo o presidente Mahmoud Ahmadinejad e, também, da visita do Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu à Washington, durante a qual o Presidente Barack Obama reafirmou o alinhamento entre os dois Estados, o comprometimendo dos EUA com a defesa do Estado judeu mas, também, pediu tempo para que uma solução diplomática seja alcançada.

O Diretor-Geral da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), Yukiya Amano, afirmou que todas as instalações sob obervação da agência têm fins pacíficos. Porém, ele também afirma que há suspeitas de que outras instalações, não-declaradas, estejam direcionadas para fins militares. “O Irã não está nos falando tudo. Essa é a minha impressão” afirmou.

O Presidente Obama e o Primeiro Ministro Netanyahu

As palavras de Obama, pedindo por mais tempo para a diplomacia, foram elogiadas pelo líder supremo do Irã. O mesmo, fortificado após os resultados da última eleição, pode estar ganhando mais tempo, já que o discurso pró-ataque israelense tem se intensificado. Na terça-feira (6), foi anunciado que Netanyahu pediu para o Secretário da Defesa, Leon Panetta, aprovar a venda de bombas anti-bunker para as Forças de Defesa de Israel. Tais artefatos seriam cruciais para aumentar as chances de sucesso de um ataque israelense às instalações iranianas.

Aiatolá Ali Khamenei

A população do Irã vive o medo de um possível confronto militar com o Ocidente. Khamenei, por outro lado, vê nesta guerra fria a possibilidade de o regime revolucionário demonstrar força. O Aiatolá vê os EUA como uma potência em declínio, principalmente regional – e a aquisição do artefato nuclear daria ao Irã o instrumentário necessário para consolidar seu projeto de supremacia regional – algo impensável para Israel e, principalmente, para os Sauditas, que observam atentos o desenrolar desta crise. Logo, é prematuro dizer que a oferta de negociação represente, de fato, um arrefecimento por parte de Teerã.

Como previsto, as 10 primárias do Partido Republicano realizadas ontem, nos EUA, não geraram um resultado grande o suficiente em favor de nenhum dos candidatos, o que acarretaria em uma possível definição do nomeado pelo partido para concorrer com Barack Obama em Novembro.

Com 1.600 delegados restantes para disputa, Mitt Romney, o ex-governador de Massachusetts, aumentou sua vantagem sobre o segundo colocado, o ex-senador Rick Santorum. Até ontem, a diferença entre ambos era de 90 delegados – hoje ela subiu para 200.

Romney conseguiu uma importante, porém estreita, vitória no Estado de Ohio. Ele venceu também em Massachusetts, Idaho, Alaska, Vermont e Virginia. Rick Santorum venceu no Tennessee, em Oklahoma e na Dakota do Norte. O ex-líder republicano na Câmara Newt Gingrich venceu apenas, como esperado, no Estado da Georgia e Ron Paul não obteve nenhuma vitória.

Há um fator importante a ser considerado;  prolongamento da campanha. Embora inevitável no momento, pode se provar perigoso, uma vez que os candidatos tem adotado um discurso mais conservador visando ganhar espaço dentro do partido – e conseqüentemente levar a nomeação. Essa estratégia pode dar resultado para a escolha do concorrente de Obama, mas pode também enfraquecer o mesmo durante a campanha presidencial, já que a eleição de Novembro será definida pelos independentes – de um alinhamento político mais de centro.

 

Hoje, 6 de Março de 2012, é um dia importante para as eleições nos EUA.

Conhecida como ‘Super Tuesday’, 10 Estados realizam primárias para escolher um dentre os quatro candidatos remanescentes. Nesta data, 437 delegados estão em disputa, sendo que para a nomeação, sao necessários 1,144. Lembrando que o Partido Democrata não realiza primárias, uma vez que o Presidente Barack Obama disputa reeleição com o apoio do partido.

Dentre os concorrentes para a nomeação do Partido Republicano, Mitt Romney, ex-governador de Massachusetts, é o grande favorito com 37,3% das intenções de voto. Rick Santorum, ex-Senador pelo Estado da Pennsylvania, aparece em segundo lugar com 26,7%. Já mais atrás na disputa, Newt Gingrich, ex-líder dos Republicanos na Câmara, vem em terceiro, com 14,7% e Ron Paul, deputado pelo Estado do Texas, em quarto, com 12,6%.

Embora historicamente o candidato republicano seja definido na Super Tuesday, é improvável que isso ocorra hoje, dado que a diferença entre Romney e Santorum não é suficiente para declarar o ex-governador como o dono da maioria dos votantes. Ou seja, até as primarias da California, uma das últimas e sempre decisiva – dado o número elevado de delegados em disputa – será difícil para um dos dois líderes conseguir uma vantagem considerável.

A presença, no último fim de semana, do Presidente Barack Obama em Bali, na Indonésia, para participar da reunião de Cúpula do Leste Asiático (EAS, na sigla em inglês) na sequência do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) no Havaí, deixou para muitos a impressão de que os Estados Unidos estão dispostos a redirecionar sua política externa para o Oceano Pacífico. De fato, há diversos fatores geopolíticos para que Washington busque um maior engajamento na região.

O Presidente Obama e outros líderes durante reunião da APEC no Havaí no dia 13 de novembro de 2011.

Não seria correto, entretanto, dizer que os americanos estão preparando um retorno ao Leste da Ásia porque os Estados Unidos jamais o deixaram. Desde a vitória na Segunda Guerra Mundial, a Marinha americana é soberana sobre as águas do Pacífico. No entanto, há uma percepção de que o continente asiático passa por profundas transformações, principalmente motivadas pela ascensão da China. O objetivo dos americanos é agir para que os interesses dos Estados Unidos sejam mantidos (ou, ao menos, maximizados) neste novo status quo.

A importância da Ásia para Washington é enorme. Cerca de metade da atividade econômica do mundo todo está lá. Em um momento de crise nos dois lados do Atlântico, é essencial que os Estados Unidos impulsionem sua economia por meio do comércio com seus parceiros asiáticos. Ciente desta necessidade, o Congresso americano aprovou no mês passado um acordo de livre-comércio com a Coreia do Sul. Ao mesmo tempo, a diplomacia do país vem concentrando forças nas negociações da Parceria Trans-Pacífica, que recentemente passaram a contar com o Japão. (Ainda é incerto se Tóquio irá aderir à zona de livre-comércio no Pacífico, mas só o fato de o país ter aceitado negociar já é uma vitória para os americanos.)

O principal desafio, atualmente, à hegemonia americana na região vem de Pequim. Há três principais fatores para que os chineses busquem uma postura mais atuante na política asiática. Em primeiro lugar, a economia da China é fortemente dependente de comércio externo. Para manter seu crescimento econômico, a China precisa ser capaz de importar insumos e commodities e, na falta de um mercado interno robusto, precisa exportar aquilo que produz. O temor de Pequim é que, sem uma presença relevante do país nos mares do Pacífico, forças hostis (entenda-se os Estados Unidos) tenham o poder de bloquear pontos de navegação marítima que comprometam o comércio e a economia chinesa. Outro ponto diz respeito à capacidade militar do país. Há vinte anos sem o perigo de um confronto com a União Soviética e com regiões separatistas, como o Tibete, sob relativo controle, as fronteiras chinesas se encontram hoje mais seguras do que em toda a história recente do país. (Ao longo do século XIX e da primeira metade do século XX, a China enfrentou constantes invasões externas, de forças como do Reino Unido e do Japão.) O resultado é que Pequim pôde concentrar maiores recursos para a construção de uma Marinha que possa, no futuro, atender aos interesses estratégicos e econômicos do país. (A distância entre as capacidades militares da China e dos Estados Unidos ainda é gigante, apesar dos importantes avanços feitos pelos chineses nas últimas décadas.) Por fim, o complexo e custoso envolvimento de Washington no Oriente Médio depois dos atentados de Onze de Setembro deram à China espaço para agir no Pacífico com certa liberdade nos últimos dez anos.

O Presidente Obama e a Primeira-Ministra Julia Gillard (segundo plano) anunciam acordo militar na base de Darwin, Austrália, no dia 16 de novembro de 2011.

É evidente, no entanto, que os Estados Unidos estão poucos dispostos a ceder espaço para navios chineses. Isto ficou bastante claro na escala que Obama fez na Austrália na semana passada, justamente entre as reuniões na Indonésia e no Havaí. Em Canberra, o Presidente anunciou um extenso pacote de cooperação militar entre os dois países. Bases navais e aéreas no Norte e no Oeste da Austrália terão maior presença de forças e equipamentos americanos. Além de reforçar a coordenação entre aliados historicamente próximos, o acordo tem como meta explorar a estratégica localização australiana. A partir da base de Darwin, por exemplo, os Estados Unidos têm rápido acesso ao Estreito de Malacca, a passagem que liga os Oceanos Índico e Pacífico, enquanto se mantêm distantes dos mísseis balísticos chineses.

 

A Austrália e o Estreito de Malaca, um ponto estratégico para o comércio marítimo por ligar os Oceanos Índico e Pacífico.

A estratégia de Washington consiste em criar um balanço de poder na região através de sua presença militar e de seu engajamento político. O objetivo é diminuir o espaço de manobra de Pequim e incentivar os chineses a negociarem os termos de uma nova realidade para o Pacífico de modo a manter o poder americano. Porém, segundo a visão da China, suas atividades para perseguir interesses nacionais em sua própria vizinhança são um direito naturalmente conferido por ser o país uma potência regional. A situação que se desenha neste cenário é a de crescentes contrastes entre os interesses dos Estados Unidos e da China no Leste de Ásia.

No último mês de agosto, a China começou a navegar seu primeiro porta-aviões.

O realinhamento da estratégia internacional dos americanos na direção do Oceano Pacífico é um processo que começou ao fim da Guerra Fria, quando o confronto com a União Soviética deixou de existir. Àquela época, a diplomacia de Washington compreendeu que seus desafios passavam por manter a dominação do país sobre os mares ao redor do mundo para que os Estados Unidos se consolidassem como a maior potência militar do planeta e para garantir a continuidade de seu comércio marítimo. Este processo foi prejudicado na primeira década do século XXI, quando os Estados Unidos concentraram-se nas ocupações do Iraque e do Afeganistão. Mas, foi retomado recentemente com a decisão de retirar as tropas destes países em breve. A reação da China, cujo poderio é o principal alvo da estratégia de Washington, irá criar um delicado confronto político entre as duas maiores forças da região. (Ainda é cedo para dizer que haverá um embate militar entre os dois, apesar de a opção não poder ser descartada para o futuro.) De todo modo, não deixa de ser curioso notar que, na era da alta tecnologia, o Oceano Pacífico esteja sendo palco de uma clássica batalha naval com duas potências disputando hegemonia sobre um mar e sobre seus pontos estratégicos.

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