Desde que a guerra civil se agravou no país o grande temor era que o regime de Assad pudesse usar as armas para se manter no poder ou que essas armas caíssem nas mãos de organizações terroristas como o Hezbollah. Na semana que passou tivemos as primeiras evidencias mais concretas do uso dessas armas pelo regime de Assad.
Armas químicas foram banidas pela primeira vez em 1925 no Protocolo de Genebra, um tratado internacional. Posteriormente o tratado evoluiu para a Convenção de Armas Químicas de 1993. A Convenção possuiu 189 países como membros e dois signatários. Dentre as obrigações, estados se comprometem a não desenvolver, produzir, adquirir, transferir diretamente ou indiretamente, e usar armas químicas. A Síria não é um membro da Convenção e possuiu um dos maiores arsenais de armas químicas do mundo. A tecnologia foi transferida inicialmente do Egito, antes da Guerra de 1973 contra Israel. Depois disso a Síria se tornou auto suficiente na capacidade química. Entretanto, o país ainda depende de fornecimento externo de certos agentes químicos e determinadas tecnologias. Adivinhem quem tem sido o maior fornecedor da Síria? O Irã tem fornecido ajuda técnica e logística para produzir e desenvolver os agentes.
Os últimos casos aonde armas químicas foram usadas foi no Iraque em 1988 na cidade Curda de Halabja. Outro caso foi o ataque ao metrô de Tóquio feito pela seita e grupo terrorista japonês Aum Shinrikyo, em 1995, usando gás Sarin. Agentes químicos são consideradas armas de destruição em massa. Um acidente em uma indústria de pesticidas na Índia liberou um gás toxico matando mais de 4.000 em 1984. Um estudo do Exército Americano alerta que um ataque terrorista em uma indústria química poderia liberar gases resultando em um número de mais de 2,4 milhões de mortos e feridos.
Diante da seriedade e perigo do uso de armas químicas: como deveria proceder o governo americano? Obama falou que o uso de armas químicas seria a “linha vermelha” (red line) que definiria uma intervenção americana. Em abril tivemos indícios do uso de armas químicas por parte do regime ou dos rebeldes e mesmo assim Obama hesitou em intervir. Meses depois estamos diante do mesmo dilema só que com provas e um número de vítimas muito superior. E agora? Obama deve fazer alguma coisa? Muitos estão apontando para o problema da credibilidade ou que blefes seguidos de inação vão causar perda de reputação. Nesse caso Obama ou os EUA perderiam sua reputação e isso afetaria a capacidade de conter inimigos através de ameaças. Irã ou Coreia do Norte jamais acreditariam que um “red line” seria realmente um “red line.”
Além do problema da reputação existem outros critérios importantes para definir qual será a melhor resposta ao uso de armas químicas. Algumas delas são: moral (certo ou errado), pratica (operação militar), legal (legitimidade e direito internacional), estratégica (interesses). No próximo post pretendo analisar as opções militares de uma intervenção militar americana.
Link artigo do portal Exame: http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/risco-politico-global/