A segunda maior economia da União Européia pode ser o núcleo de um novo recrudescimento da crise no continente. Diferentemente de países periféricos, cujas economias em semi-colapso já deram alguns sustos nos mercados, um solavanco vindo de Paris poderia acarretar até mesmo na dissolução do bloco, que tem como pilares justamente a própria França e a Alemanha.

Recordista em gastos públicos (56% do PIB) e em volume de empregados pelo Estado por grupo de 1.000 habitantes (90, contra 50 na Alemanha), a economia francesa começa a dar sinais claros de uma realidade já não tão recente: sua competitividade diminuiu muito ao longo dos últimos anos, criando um descompasso com uma folha de pagamentos estatal digna de países como Suécia. Para se ter uma ideia, em 2000 o custo/hora de um trabalhador francês era 8% mais barato que o de um alemão. Hoje o mesmo trabalhador tem um custo/hora 10% mais caro que na Alemanha.

Com uma dívida pública beirando os 90% e uma economia semi-estagnada, o modelo francês de estado de bem-estar social inchado é solo fértil para a eclosão de uma crise severa.

François Hollande e Nicolas Sarkozy - eleição francesa pode ser decisiva para um novo recrudescimento da crise

É nesse contexto que entram as eleições, com o segundo turno marcado para 6 de Maio. O atual presidente, Nicolas Sarkozy, enfrenta um empolgado François Hollande, proveniente do socialismo francês. O primeiro turno terminou com um quase empate técnico entre ambos. As extremas direita (Marine Le Pen com 18%) e esquerda (Jean-Luc Melenchon com 11%) ficaram em 3o e 4o lugares, respectivamente.

A possibilidade de Hollande vencer Sarkozy não só assusta este último – que entraria para a história como o segundo presidente da 5a Republica (iniciada em 1958) a não se reeleger – mas, principalmente, os mercados. Defendendo políticas pouco ortodoxas, como a renegociação do Pacto Fiscal Europeu, que regula pela responsabilidade orçamentária dos Estados-membro, aumentar o salário mínimo e retomar a aposentadoria para os 60 anos, Hollande passa a ideia de que vai colocar o processo de contenção da crise européia em xeque.

Por mais que seja importante ler tais discursos e posições pelo prisma eleitoral, tais medidas representam um risco grande à Franca e à Europa. Dado que o eleitorado frances é reconhecidamente reacionário a mudanças no status quo do modelo de estado paternalista – alvo principal das medidas de austeridade tão criticadas por Hollande – suas chances de vitória não são pequenas. E, mesmo que muitos dos eleitores franceses não estejam convencidos de que Hollande é a melhor opção, a rejeição a Sarkozy pode lhe dar a presidência, já que grande parte do eleitorado não gosta da ideia de mais 5 anos da administração atual.

O desempenho da extrema direita com Marine Le Pen, e da extrema esquerda com Jean-Luc Mélenchon, também diz muito sobre a cena política local. A fobia com quaisquer influencias externas na sociedade francesa – seja a globalização ou mesmo a UE – se refletiu no desempenho de candidatos mais extremistas. A França adotou o mantra de que os males sofridos hoje pela sua economia têm sua raiz na abertura do país para o mundo. Entretanto, os franceses não parecem compreender que, sem as receitas provenientes de um mercado aberto, será impossível balancear os gastos públicos excessivos do Estado francês e evitar um colapso.

Risco de fragmentação da UE existe e não é pequeno

O grande perigo do discurso de François Hollande está justamente no fato de suas propostas estarem sintonizadas com os valores das massas. Mesmo que ele não cumpra parte das promessas de campanha, as pressões para tanto serão grandes, podendo ter resultados políticos inesperados e com conseqüências difíceis de se prever e quantificar. Para dar um exemplo, sua disposição a lutar por uma revisão do Pacto Fiscal Europeu pode gerar indisposições com a Alemanha, o que levaria instabilidade ao campo político europeu.

Caso a França siga este caminho, será muito mais fácil para os outros países europeus adotarem políticas similares, uma vez que há um crescente descontentamento com as medidas atuais pela ausência de mecanismos favoráveis ao crescimento. Nesta situação, pode haver um efeito cascata capaz de enterrar o projeto de integração europeu.

Desde o fim da União Soviética, os Estados têm optado pelo modelo econômico liberal, diminuindo sua participação na economia, principalmente através das privatizações de suas empresas públicas. A ascensão das economias emergentes – os BRICS – somada a crise de 2008, colocou esse movimento em xeque. As intervenções governamentais na economia cresceram muito após a crise, e essa tem sido a prática mais comum tanto para desenvolvidos quanto para emergentes. Contudo, no segundo caso, o fato de suas economias terem se consolidado sob um modelo de state capitalism torna ainda mais fundamental a intervenção do Estado na economia.

YPF, subsidiária da espanhola Repsol, foi expropriada pelo governo de Cristina Kirchner

É nesse contexto que, na semana passada, a Argentina decidiu nacionalizar a YPF, petrolífera subsidiária da espanhola Repsol no país. Em geral, expropriações são facilitadas por questões primordiais do sistema internacional político e pela economia mundial. A primeira é a própria soberania dos países; sem uma autoridade supranacional capaz de impor regras e aplicá-las, as nações são sempre a maior autoridade no que diz respeito a suas vontades e interesses. A segunda questão é de cunho econômico; a atual onda de alta nos preços de commodities torna economicamente atraente a nacionalização de determinados setores da economia, e transformá-los em instrumentos de política interna e externa. Não por acaso, boa parte das gigantes petrolíferas hoje pertencem a governos, como a Saudi Aramco (Arábia Saudita), a CNOOC (China) ou a própria Petrobrás.

Para empresas e governos, o ideal é antever e se prevenir quanto a ações de nacionalização. A ação de expropriar a propriedade de determinada empresa pode ser baseada em diferentes motivações e ocorrer de formas distintas. O caso da YPF elucida dois fatores importantes como motivação para tal ação: ideologia e nacionalismo.

O nacionalismo é um fator crucial nas expropriações. Normalmente utilizado por governos quando países passam por momentos de crise doméstica, uma de suas ferramentas é encontrar um “culpado” externo para justificar falhas internas. Desta forma, nacionalizar ativos de estrangeiros em setores de valor, normalmente commodities, se traduz, politicamente, em um momento de orgulho nacional e uma forma de angariar apoio da população ao governo. Da mesma forma, esses setores estratégicos também servem de fonte de renda para financiar políticas populistas.

Cristina Kirchner - exemplo clássico de governante populista

 

Por fim, deve-se incluir na análise a ideologia dos governos em exercício. Processos de expropriação baseados em questões ideológicas são, historicamente, um dos maiores fatores por trás destas ações. Como políticos esquerdistas não tendem a esconder seus objetivos, é possível antever tal fenômeno. O governo de Cristina Kirchner, assim como o de seu predecessor e marido, Néstor Kirchner, sempre se baseou em uma plataforma populista. Uma grande fração das contas do Estado são direcionadas aos subsídios de serviços, produtos e crédito fácil. Embora a Argentina tenha experimentado algum crescimento econômico nos últimos tempos, tal modelo enfraquece as contas governamentais, o que força o aumento de impostos, prejudicando a competitividade da economia do país. Acusar uma multinacional – neste caso a Repsol – de não contribuir com a sociedade é cômodo e relativamente fácil. No médio e longo prazo, quem mais perde é a própria Argentina, pois cada vez mais afugenta o investimento estrangeiro tão necessário para o desenvolvimento, principalmente do setor energético.

O caso da nacionalização da YPF, é apenas mais um episódio de um fenômeno que não da sinais de que vá se extinguir nos próximos anos. Pelo contrário. Como vimos, expropriações podem se tornar mais freqüentes com o crescimento do modelo capitalista estatal, praticado principalmente pelas economias emergentes.

 

Em um mundo tão imprevisível, como o de hoje, os riscos políticos ganham uma relevância ainda maior. Em geral, os maiores riscos políticos sempre estiveram nos mercados emergentes, onde as instituições não são tão sólidas e interferência do Estado no mercado é constante. Entretanto, mercados desenvolvidos, como Europa central – Alemanha, França, Reino Unido, – EUA e outros, também podem oferecer determinados riscos políticos que, à primeira vista, não são visíveis.

Recentemente, o conglomerado brasileiro Odebrecht sofreu um revés político que pode comprometer suas operações nos EUA, no Estado da Florida. O governador Rick Scott devera sancionar uma nova lei na qual prevê que empresas com negócios em Cuba, em valores acima de USD 1 milhão, serão proibidas de operar na Florida.

Lei no Estado da Florida pode comprometer investimentos de gigante brasileira

Ideologias são um fator presente na análise do risco político. Por exemplo, historicamente, quando pensamos em expropriações – algo que ocorreu com a Petrobrás, em 2006, na Bolívia – ideologias são a força motriz por trás deste tipo de evento. Contudo, ideologia e afiliações políticas podem afetar empresas de outras formas menos agressivas e custosas. No caso específico da lei da Florida, seu idealizador é o deputado Michael Bileca, casado com uma cubana. Esse projeto recebe apoio incondicional do lobby anti-castrista, uma das grandes forças políticas do Estado. A população cubana da Florida, em sua maioria descendente de refugiados da revolução de 1959, vê com maus  olhos o regime do país caribenho e são apoiadores irredutíveis do bloqueio, mantido desde 1962.

O Brasil é hoje o principal parceiro econômico da Florida, e a Odebrecht é parte importante deste cenário. Grandes contratos já estão em execução e há negociações para crescimento nos investimentos. Ao mesmo tempo, a posição da empresa brasileira em Cuba é bastante estratégica.

Desde que Raúl Castro, irmão de Fidel, assumiu o poder na ilha, diversas medidas econômicas de abertura vem sendo implementadas. A previsão é de que, em breve, Cuba será novamente um pólo muito atrativo para investimentos em diversas áreas – já que hoje há uma mão-de-obra qualificada subutilizada devido às políticas socialistas ainda predominantes. O Brasil já explora estas variáveis e, no caso da Odebrecht, já há negócios em andamento nos setores de infraestrutura e agronegócio.

Embora a lei ainda não tenha sido sancionada, os negócios da  empresa brasileira estão sob ameaça. Uma decisão política pode afetar diretamente sua estratégia, desmontrando assim a necessidade de lidar de forma sistemática e profissional com os riscos politicos.

Santorum desiste da nomeação

O ex-Senador da Pennsylvania, Rick Santorum, principal adversário do ex-Governador Mitt Romney pela nomeação do Partido Republicano para as eleições deste ano, abdicou da disputa. Desta forma, Romney consolida sua posição como candidato republicano de facto para enfrentar Barack Obama em Novembro.

Embora ainda tivesse esperanças de obter um resultado positivo na Pennsylvania, pesquisas nos últimos dias previam uma disputa apertada entre os dois. As pesquisas também colocam Romney como favorito nos demais quatro Estados que realizam primárias, em 24 de Abril. A possibilidade de ser derrotado dentro do Estado pelo qual foi Senador seria um fim embaraçoso para um candidato que teve uma ascensão considerável.

Embora Newt Gingrich e Ron Paul ainda não tenham se manifestado, é natural que o Partido Republicano, em breve, se pronuncie quanto à definição de Romney como seu candidato e facilite o posicionamento de campanha – agora com foco total na administração Obama.

Será interessante observar a estratégia de Mitt Romney, que terá de demonstrar aos eleitores independentes – decisivos na disputa – que não é tão conservador quanto hoje parece. Em meio á disputa dos republicanos pela nomeação, ele sempre foi alvo de seus adversários por ser considerado moderado demais.

 

 

BRIC - Grupo apresenta diferenças profundas, impossibilitando coordenação nos campos econômico e, principalmente, político

Nos últimos anos, um dos termos mais utilizados no cenário político-econômico internacional foi a sigla BRIC — Brasil, Rússia, Índia e China — hoje atualizada para BRICS — sendo o ‘S’ referência à África do Sul. Apesar desses países estarem vivendo seu melhor momento, em termos de crescimento econômico e relevância política, ainda assim compõem um grupo bastante distinto. Não por acaso, desde que a sigla foi cunhada em 1o de Outubro de 2003, no relatorio “Dreaming with BRICs: The Path to 2050“, publicado pelo banco Goldman Sachs, esse países foram incapazes de criar uma agenda própria e agirem em coalizão sobre qualquer tema – da economia à posicionamentos quanto a questões geopolíticas.

Uma simples análise histórica, sob o prisma do risco político, já aponta falhas na previsão feita pelo Goldman Sachs. Em 2003, o relatório previu que os BRIC serão, até 2050, as economias predominantes do globo, apenas atrás dos EUA e Japão. Uma pergunta objetiva já colocaria em xeque a previsão: o que garante que os objetivos político-econômicos de tais Estados serão os mesmos pelas próximas décadas? Se olharmos para os últimos 47 anos, todos os membros do suposto grupo passaram por mudanças políticas substanciais, com implicações diretas em suas economias.

China - caráter autoritário do regime não se alterou, apesar das mudanças expressivas na estratégia política

Nestas últimas quatro décadas, a China passou por muitas transformações e nem todas elas produziram o desenvolvimento econômico dos últimos 20 anos. A visão política de Mao Zedong não produziu industrialização e desenvolvimento. De forma similar, tratar as decisões políticas dos próximos 47 anos da China como certeiras e únicas é uma grande simplificação de um país altamente complexo politica e socialmente. Dados os diversos desafios geopolíticos e, sobretudo, sociais que os chineses enfrentam no âmbito doméstico, fica evidente que muitos outros cenários poderiam se formar, alterando o curso atual. Bastaria, nos próximos 15 anos, sua economia não crescer os essenciais 8-9%/ano, algo perfeitamente possível, para não só entrar em uma complexa e perigosa crise interna, mas levar consigo diversos outros mercados, que hoje também vivem boomseconômicos devido à excessiva demanda chinesa por recursos naturais e commodities. Tal cenário poderia, sem sombra de dúvidas, colocar em xeque a estrutura política chinesa.

Rússia - até 1991, núcleo do Império Soviético

Na mesma linha de raciocínio, ao longo das últimas quatro décadas, a Rússia deixou de ser o império centrado na União Soviética – que se extendia do Leste europeu ao extremo Oriente e, ao Sul, até a Ásia central – a um país relativamente menor, com um sistema político diferente e altamente dependente de exportações de recursos naturais. Dadas as prioridades politico-sociais russas, é impossível afirmar, baseado somente em dados económicos, que sua estratégia para os próximos quarenta anos será a mesma.

Os objetivos político-econômicos de cada país variam e se adaptam à realidades que mudam conforme o tempo. A análise feita pelo Goldman Sachs trabalha com diversos índices econômicos, o que sem duvida é importante ao se fazer previsões sobre a evolução de Estados. Porém, é impossível afirmar que a estratégia chinesa ou russa, para os próximos 40 anos, será rigorosamente a mesma e que não haverá qualquer mudança política capaz de influenciar a economia. O mesmo se aplica ao Brasil e à Índia.

Por fim, a ausência do componente geopolítico no relatório em questão também é intrigante. Uma análise básica dos BRICS já é suficiente para apontar dúvidas quanto à possibilidade de cada um sofrer uma mudança política considerável. Nos últimos 40-50 anos, cada um dos países em questão viveram diversas transformações. Acreditar que um boom nos últimos 8 anos será suficiente para garantir o status quo por mais três ou quatro décadas é, no mínimo, pretencioso.

Romney é saudado pelas três vitórias incontestáveis

Como previsto, Mitt Romney obteve fáceis vitórias nas três primárias ocorridas ontem em Maryland, Wisconsin e no Distrito de Columbia. Sua vantagem sobre Rick Santorum, na contagem de delegados, aumentou consideravelmente – hoje ele detém 652 delegados contra 269 de Santorum. Para garantir matematicamente a nomeação, são necessários 1.144 delegados.

Entretanto, é possível que Romney consiga a nomeação em menos tempo. Isso se daria pela crescente pressão interna do Partido Republicano para que Rick Santorum, hoje seu único adversário, abdique da corrida. Embora fosse o ideal, um empecilho pode estar no calendário eleitoral.

Em 24 de Abril haverá uma nova rodada de primárias, e Rick Santorum acredita que ainda pode ter alguma chance de manter-se vivo na disputa pela nomeação. O motivo? O Estado pelo qual foi Senador, a Pennsylvania, estará em disputa. Porém, o risco é maior para o Partido Republicano, que verá mais um prolongamento da disputa interna – algo que os democratas têm celebrado.

Além da Pennsylvania, os demais Estados em disputa serão; Connecticut, Delaware, Nova York e Rhode Island. Vizinhos de Massachusetts, território de Romney, tais Estados tendem a dar uma chance maior de vitória ao atual líder. Ou seja, mesmo que Rick Santorum não desista – focado na Pennsylvania – suas chances para uma virada são mínimas. Pode ser uma aposta muito alta para a cúpula republicana.

Existe a possibilidade de Santorum abdicar da corrida, nos próximos dias. Embora trate-se de contextos diferentes, Jon Huntsman abandonou a corrida dias depois de anunciar que iria continuar, apesar de uma performance ruim em New Hampshire. Alguns dias de reflexão, somadas com a provável pressão interna do partido, poderão facilitar as coisas para Romney e para os republicanos.

É importante ressaltar que, pela primeira vez, Barack Obama dirigiu-se a Mitt Romney pelo nome – uma sutil demonstração de que a campanha já começou. Em um discurso focado na proposta orçamentária defendida pelo congressista republicano Paul Ryan – que apóia Romney – Obama fez críticas diretas à Romney, ao congressista e ao plano em si, classificando-o como “Darwinismo social”.

Já sob ataques diretos de Obama, quanto antes vier a provável nomeação, melhor para Romney – e para o partido.

 

Liderando as pesquisas por margens consideráveis nos três Estados onde haverá primárias hoje – Wisconsin, Maryland e no Distrito de Columbia – o ex-governador Mitt Romney pode consolidar sua nomeação como candidato republicano, caso obtenha as vitórias previstas.

O prolongamento da disputa interna no Partido Republicano pode atrapalhar o candidato na disputa com Barack Obama, em Novembro, já que os independentes – mais moderados – tendem a rejeitar a retórica conservadora que tem dominado o debate entre os possíveis nomeados. Newt Gingrich e Ron Paul estão praticamente fora da corrida, mas Rick Santorum ainda tem esperanças de prolongar a disputa até, pelo menos, as próximas primárias no dia 24 de Abril.

Hoje, todas as disputas são no formato winner-take-all, ou seja, o candidato que vencer a primária fica com todos os delegados em disputa. Dado que Romney provavelmente vencerá nos três Estados, sua vantagem no número de delegados aumentará consideravelmente, o que pode dar um fim simbólico à disputa interna dos republicanos.

Quanto antes houver esta definição, melhor para Romney, que poderá reorganizar sua campanha focando a disputa presidencial. Coincidentemente, hoje se inicia a campanha televisiva do Super PAC de Barack Obama em Estados considerados importantes na disputa.

Crise grega pode se agravar

Embora a crise grega tenha se estabilizado, eventos políticos no país podem levar a uma nova situação de instabilidade nos mercados internacionais. O principal fator? A proximidade das eleições, previstas para meados de Maio.

Pesquisas hoje dão conta de que pelo menos oito partidos diferentes deverão ganhar assentos no Parlamento grego. Caso as pesquisas se confirmem, o risco de as medidas de austeridade aprovadas recentemente pela coalisão PASOK (socialista) e o Nova Democracia (conservador) serem atacadas é grande, o que colocaria em xeque os pacotes de ajuda financeira e poderia acarretar em um recrudecimento da crise.

Mesmo com o partido Nova Democracia liderando as pesquisas para as eleições, e o PASOK vindo logo atrás, os dois juntos não conseguiriam, hoje, uma maioria suficiente para governar sem depender de negociações com a oposição. Desta forma, a dificuldade para se aprovar medidas de austeridade – exigências tradicionais das organizações financeiras que hoje ajudam a Grécia, como o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional – será maior. Maior dificuldade significa mais tempo gasto com barganhas políticas e maiores chances de uma piora no cenário atual.

Dado que a Grécia precisará de mais pacotes de ajuda financeira para se sustentar, mais cortes nas contas governamentais serão exigidos, o que certamente gerará uma grande insatisfação popular. Hoje o desemprego está na casa dos 20% e tais cortes atingiram diretamente uma parcela considerável da população – o que, consequentemente, afeta a já fraca economia grega.

Parlamento Grego - dificilmente haverá uma maioria clara após as eleições

A Itália, outro foco de grande preocupação em meio à crise, instalou um governo provisório, repleto de tecnocratas, com a função primordial de implementar medidas de austeridade para colocar as contas do país em ordem e, somente em 2013, realizar novas eleições – o que mitiga o risco político agora latente na Grécia.

Ao que tudo indica, novos solavancos virão da Europa nos próximos meses. A possibilidade de uma saída da Grécia da zona do Euro, num cenário pessimista, não está descartada.

A Insight Geropolítico continuará monitorando os desdobramentos da crise na Grécia e os riscos políticos inerentes aos possíveis cenários.

 

Topo