O atual cenário de instabilidade argentino, causado por uma profunda crise econômica e política, tem aumentado a desconfiança dos investidores estrangeiros no país quanto ao retorno e segurança de seus investimentos. Levando em conta os últimos capítulos da novela política argentina, fica evidente que a situação parece longe de estar resolvida. Para se entender o risco de investimento e a crise de desconfiança internacional na Argentina, é necessário analisar as mais recentes decisões políticas tomadas pelo governo de Cristina Kirchner. Com isso, pode se perceber que considerações ao risco político devem ser centrais na decisão de se investir ou não em um país, especialmente na Argentina comandada por Kirchner.
Nacionalização ou expropriação é um dos exemplos clássicos de risco político. Muitos acreditam que essa é uma das formas mais perigosas de risco que o investidor estrangeiro pode se deparar. Em alguns países existem maiores chances disso acontecer, e a Argentina tem mostrado que é um deles. A nacionalização da maior empresa produtora de petróleo do país, a YPF, no primeiro semestre de 2012, comprova isso. A ingerência estatal em diversos setores do governo Kirchner vem assustando os investidores que temem que seus negócios ou participações sejam expropriadas. Ou seja, entre correr o risco de investir em um país sujeito aos anseios políticos do governo no poder e se investir em um outro local com estabilidade institucional, a segunda opção será sempre melhor.
Além das nacionalizações, os investidores estrangeiros têm encontrado outras dificuldades para o desenvolvimento de seus negócios na Argentina. Medidas protecionistas estão entre elas e as que têm sido mais prejudiciais às marcas internacionais são os controles de importações. Muitas empresas estão sendo forçadas a deixar o país porque não conseguem colocar seus produtos disponíveis aos consumidores argentinos.
Outro fator bastante preocupante para o investidor estrangeiro é a instabilidade do ambiente político argentino. Diversas situações se enquadram nessa realidade. A lei de controle da imprensa é um exemplo e tem se expandido cada vez mais. O Grupo Clarín, maior grupo de mídia do país, tem sido um dos mais afetados. Isso demonstra que a liberdade de expressão democrática está sendo ameaçada, evidenciando que o governo avança rapidamente contra bens privados e compromete a transparência e a segurança institucional do estado de direito democrático.
A manipulação de números oficiais é mais um exemplo da falta de transparência do governo argentino – algumas fontes estimam uma inflação de em torno de 25% para 2012, apesar dos números oficiais publicados serem muitos inferiores a isso. A tomada de decisão de novos investimentos é afetada porque a manipulação dos números impede análises precisas que apurem a realidade econômica do país. Sem informação confiável não se pode planejar e mensurar riscos.
A crise na Argentina tem origem nas políticas adotadas pela sua presidente. Hoje é impossível investir no país sem compreender o cenário político interno e as possibilidades de novas medidas adotadas pelo governo. Portanto, destinar recursos à Argentina hoje ou no futuro próximo pode ser bastante arriscado se comparado a outras localidades de maior estabilidade política na região. Brasil e Colômbia podem acabar se beneficiando com a crise Argentina pois oferecem cenários políticos e institucionais mais estáveis frente ao risco politico argentino.