O levante popular na Síria completou um ano nesta semana. Para os rebeldes, há pouco para comemorar. Bashar al-Assad tem comandado uma campanha precisa de retomada de cidades até então sob comando dos insurgentes, como Homs e mais recentemente Idlib, demonstrando a força, organização e, sobretudo, lealdade de suas forças armadas. Mesmo sendo obrigados a cometer atrocidades – que hoje tem números ao redor de 8.000 mortos, de acordo com a ONU – os militares sírios não dão sinais de deserção.

Diferentemente do ocorrido na Líbia, a oposição síria não conseguiu se organizar ao redor de causas claras e não demonstrou coesão – apesar dos revoltosos lutarem sob a bandeira do Exército Livre da Síria, não há coordenação. A comunidade internacional não dá mostras de que está disposta a agir – Rússia e China vetaram uma operação militar e, recentemente, EUA e Reino Unido, através de seus chefes de governo, declararam que tal opção está descartada.

OBS.: a cidade de Idlib fica ao Norte de Homs

As questões domésticas influem tanto ou mais nesta análise. Comparando Assad e Qaddafi, fica clara a diferença na forma de cada um lidar com uma situação como esta. O líder líbio demonstrou total despreparo na reação ao levante popular, afirmando abertamente que estava disposto a ‘esmagá-lo’, gerando uma comoção na comunidade internacional que acarretou na operação da OTAN. Assad, por outro lado, manteve-se em silêncio, fazendo declarações contidas e, ao mesmo tempo, implementando toda a força do leal exército sírio contra os rebeldes. Observando o erro de Qaddafi, não ameaçou utilizar a força aérea, o que daria argumentos para a imposição de uma Zona de Exclusão Aérea. Além do mais, unidades menores, envolvendo tanques e infantaria altamente treinados, foram suficientes para retomar o controle dos núcleos da revolta. No momento, uma nova campanha será lançada contra a cidade de Deraa, onde outros massacres deverão ocorrer.

Hafez al-Assad, pai e predecessor

Seguindo a tradição familiar de pulso firme e manter-se no poder a qualquer custo – seu pai, Hafez al-Assad, utilizou as forças armadas contra uma revolta em Fevereiro de 1982 na cidade de Hama, gerando mais de 20.000 mortes – Assad permanecerá no poder por, no mínimo, mais alguns meses se as variáveis permanecerem as mesmas. No longo prazo, é difícil afirmar que o regime permanecerá intacto, já que os rebeldes não dão sinais de que vão se render e demonstram uma resiliência considerável, dados os inúmeros ataques pelas forças armadas, muito superiores em armamentos e organização.

 

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