Um evento que ganhou destaque na mídia, no domingo, foi o sequestro de duas brasileiras e um guia turístico egípcio por beduínos na região da Península do Sinai. Após passarem algumas horas sob custódia dos sequestradores, elas foram libertadas com a ajuda do governo local nas negociações. Segundo as mesmas, os beduínos as trataram bem até o final do impasse.

Mas a pergunta que fica é; quem são estes beduínos? O que querem?

Beduínos na Península do Sinai - marginalizados da sociedade egípcia

Compondo uma população de aproximadamente 200.000, os beduínos migraram para aquela região no século VII, fugindo das tribos mais fortes que habitavam o deserto do Hejaz, onde hoje fica a Arábia Saudita.

A região da Península do Sinai é um ponto altamente estratégico do ponto de vista geopolítico. Ligação entre Europa e Ásia, ela abriga o Canal de Suez, crucial para o mercado do petróleo, e também é rota de gasodutos/óleodutos que fornecem energia para Israel. A área também é conhecida por abrigar lugares muito atrativos ao turismo – casos de resorts litorâneos como em Sharm el-Sheikh e Dahab e, principalmente, locais sagrados como o Monte Sinai e o Monastério de Santa Catarina, mais antigo templo cristão em funcionamento no mundo.

Porém, o desenvolvimento econômico trazido por estes fatores à região não incluiu a população local que, composta por diferentes tribos de beduínos, historicamente é marginalizada da sociedade egípcia como um todo. Serviços públicos essenciais, como saúde e saneamento básico são praticamente inexistentes. Afora a indústria do turismo – que exclui os beduínos – não há outras atividades econômicas na península, o que fatalmente obriga os locais a participarem de atividades ilegais para conseguir meios para sobreviver. Dentre elas, estão o tráfico de bens (itens médicos, material de construção, etc.) e armas para a Faixa de Gaza e mesmo, em alguns casos, facilitar o trânsito de grupos mais radicais pelo local.

Península do Sinai - cercada à Oeste o Mar Vermelho (saída do Canal de Suez) e à Leste pelo Golfo de Aqaba (Jordânia)

No entanto, é importante frisar que os sequestros, recorrentes num passado recente, não fazem parte de uma agenda política similar àquela de grupos mais radicais – ou mesmo terroristas – como Hamas ou a própria al-Qaeda. O objetivo com estas ações é forçar o governo do Egito a negociar a libertação de beduínos presos e exigir melhoras no cenário sócio-econômico na região. Cerca de 1.000 – 3.000 beduínos estão presos hoje e aproximadamente 10.000 fazem parte de listas policiais egípcias.

Os efeitos da revolução que derrubou o regime de Hosni Mubarak também não chegaram, ainda, ao Sinai. Recentemente ocorreram sequestros nos mesmos padrões do que ocorreu com as brasileiras no domingo. Não há, no curto prazo, perpectivas de mudança no quadro da região. A evolução ou deterioração dependerá do que ocorrer na cena política egípcia. Caso não haja mudanças no relacionamento entre Cairo e as tribos locais, mais problemas deverão ocorrer.

 

Após uma vitória fácil em Porto Rico, onde Mitt Romney ficou com os 20 delegados em disputa ao obter cerca de 82% dos votos, o próximo desafio é o Estado de Illinois, onde 69 delegados estão em disputa.

Romney faz campanha no Estado de Illinois

Embora apresente uma boa vantagem nas pesquisas feitas até o momento, um ponto que pode tornar as primárias de amanhã (20) mais acirradas é o eleitorado em si.

Romney precisou mostrar-se conservador para ganhar o eleitorado republicano em algumas regiões do país. Sob ataque constante dos principais adversários – Rick Santorum e Newt Gingrich – o ex-governador de Massachusetts foi, ao longo de todo o processo da nomeação republicana até o monento, acusado de não ser conservador o suficiente. Porém, o eleitorado em Illinois é conhecido por dar preferência à ala moderada do Partido Republicano.

Romney, que já foi acusado de inconsistência por mudar de opinião constantemente sobre diversos temas, terá de provar que é o candidato moderado dentre as opcões existentes.

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